O deputado federal William Dib entrou na disputa interna do PSDB de São Bernardo para ser o candidato do partido ao Paço, em outubro. O tucano formalizou a intenção em carta enviada ao diretório na noite de ontem.

Ninguém esperava a decisão do parlamentar. Tanto nos bastidores como publicamente ele expressava o desejo de se manter na articulação, sem estar diretamente nas urnas. Trabalhava para a consolidação da parceria do PSDB com o PPS, do deputado estadual Alex Manente.

Dib gostaria que os tucanos indicassem o vice na chapa encabeçada pelo popular-socialista para enfrentar a candidatura de reeleição do prefeito Luiz Marinho (PT). Seria uma espécie de antecipação do segundo turno, pois se os partidos saírem separados na primeira etapa do pleito, as chances de o petista liquidar a fatura ficam maiores.

Agora estão nas prévias, além do deputado, o presidente da executiva municipal, vereador Admir Ferro, e o presidente da Câmara, Hiroyuki Minami. As inscrições terminam na segunda-feira e a consulta aos militantes será no dia 25.

A expectativa neste momento fica por conta da decisão do deputado estadual Orlando Morando, que recebeu convite para coordenar a campanha de José Serra na disputa interna do PSDB da Capital e na candidatura, se o ex-governador vencer a queda de braço. Ele reunirá o grupo político entre hoje e amanhã para decidir seu futuro. Se aceitar, descartará entrar no páreo para ser postulante ao Paço de São Bernardo.

Ainda na noite de ontem, o real motivo do movimento de Dib era especulado no ninho tucano. Para alguns, é tentativa de mostrar que tem musculatura no partido, já que Orlando ficou com moral elevado com a aproximação a Serra. Para outros, a manobra visa, após vencer as prévias, forçar a parceria com o PPS. Nesse contexto, ganha evidência a permanência do PSDB na cabeça da chapa.

Para Admir Ferro, como pré-candidato inscrito nas prévias, nada muda. "Vamos para a disputa." Mas, para o dirigente partidário, a disposição de Dib em ser candidato mostra que a candidatura própria pode ser concretizada, pois o deputado era defensor de indicar o vice ao PPS. "Agora a história é diferente. O processo de escolha interna mostra que o partido quer ter candidato a prefeito. Com a consulta aos filiados e um nome homologado, não dá para voltar atrás. A prévia é uma antecipação da convenção (partidária, a ser realizada em junho para avalizar o candidato da legenda)."

Ainda segundo Ferro, as chances de aliança com o PPS com um tucano na condição de vice estão quase minadas. "Ninguém tira uma candidatura a favor de uma parceria ou de alguém." Mas termina a análise com um jargão político que resume bem o enredo dessa história. "Claro que na política tudo pode acontecer."

Dib e Orlando não foram encontrados.