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Delegada descarta indiciar pai de Davi
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
29/09/2011 | 07:30
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A delegada do 3º Distrito Policial de São Caetano, Lucy Mastellini Fernandes, que investiga o caso de Davi Mota Nogueira, 10 anos, disse ontem que não vai pedir o indiciamento do pai do estudante, Milton Evangelista Nogueira, por negligência. Há uma semana, o menino usou levou a arma do pai à Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, atirou na professora Rosileide Queiros de Oliveira e se matou.

Para ela, o guarda-civil não foi omisso ou negligente em relação à guarda da arma usada pelo filho. "Não acho que agiu de forma negligente. Ele disse que os filhos sabiam que tinha arma e onde armazenava, mas também que orientava a não mexer, pois era perigoso", explica a delegada. Mas lembra que não é a única a julgar. "Se o promotor achar que foi, o pai poderá responder por isso."

No dia anterior à tragédia, o pai relatou que chegou do trabalho e guardou a arma carregada no guarda-roupa, pois estava com pressa para levar o filho mais velho ao médico.

O guarda-civil se deu conta do desaparecimento da arma na quinta-feira. Como estava de folga, ficou a manhã com os filhos, enquanto sua mulher, Elenice, foi trabalhar.

Depois que deixou Davi na escola, voltou para casa, tomou banho e não encontrou a arma. Ligou para a mulher para saber se tinha mexido ou colocado em outro lugar. Depois, foi para a escola e falou com os filhos, que afirmaram não saber de nada.

Além do pai e do filho, a mãe também foi ouvida ontem. Os depoimentos levaram pelo menos uma hora cada, e todos reforçaram o bom comportamento do menino.

A mãe reconheceu o desenho encontrado na mochila do filho. A ilustração mostra um garoto na escola, aos 16 anos, na sala de aula, com uma professora. "Não podemos concluir que o garoto segurava armas", afirma Lucy.

Quanto à motivação do crime, a delegada ressalta que continua um mistério. "Continuamos investigando se alguém pressionou o estudante a cometer o ato, se tomou as dores de algum colega", explica Lucy. Ela não descarta a hipótese de tiro acidental. 

DEPOIMENTOS
A delegada pretende ouvir hoje de manhã a professora no Hospital das Clínicas. na Capital. Ela foi submetida a cirurgia ontem e passa bem.

 

Há duas semanas, garoto falou sobre morte com o irmão 

O irmão de Davi, Gleison Mota Nogueira, 16 anos, disse ontem, em depoimento,que há duas semanas o menino perguntou: "Você ficaria triste se eu morresse?" O jovem não soube dizer o que motivou a pergunta, mas informou que respondeu que sim ao irmão, não levou a sério e desconversou.

Para a delegada Lucy Mastellini Fernandes, o fato não caracteriza que a tragédia tenha sido planejada com antecedência pelo garoto.

Lucy ressalta que a relação dos irmãos era de amizade. Mesmo com o bom relacionamento, Gleison não soube explicar os possíveis motivos que levaram o irmão a atirar na professora e se matar.

Assim como os pais, o garoto não percebeu nenhuma atitude diferente do irmão nos dias que antecederam a tragédia.

Quanto a possíveis problemas com educadores, o jovem negou. "Em uma das conversas, falavam sobre os professores que gostavam mais. O jovem disse que Davi não tinha problemas com os professores e que gostava mais de uma. Já ele afirmou que não gostava de alguns", explica a delegada.




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