A delegada do 3º Distrito Policial de São Caetano, Lucy Mastellini Fernandes, que investiga o caso de Davi Mota Nogueira, 10 anos, disse ontem que não vai pedir o indiciamento do pai do estudante, Milton Evangelista Nogueira, por negligência. Há uma semana, o menino usou levou a arma do pai à Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, atirou na professora Rosileide Queiros de Oliveira e se matou.
Para ela, o guarda-civil não foi omisso ou negligente em relação à guarda da arma usada pelo filho. "Não acho que agiu de forma negligente. Ele disse que os filhos sabiam que tinha arma e onde armazenava, mas também que orientava a não mexer, pois era perigoso", explica a delegada. Mas lembra que não é a única a julgar. "Se o promotor achar que foi, o pai poderá responder por isso."
No dia anterior à tragédia, o pai relatou que chegou do trabalho e guardou a arma carregada no guarda-roupa, pois estava com pressa para levar o filho mais velho ao médico.
O guarda-civil se deu conta do desaparecimento da arma na quinta-feira. Como estava de folga, ficou a manhã com os filhos, enquanto sua mulher, Elenice, foi trabalhar.
Depois que deixou Davi na escola, voltou para casa, tomou banho e não encontrou a arma. Ligou para a mulher para saber se tinha mexido ou colocado em outro lugar. Depois, foi para a escola e falou com os filhos, que afirmaram não saber de nada.
Além do pai e do filho, a mãe também foi ouvida ontem. Os depoimentos levaram pelo menos uma hora cada, e todos reforçaram o bom comportamento do menino.
A mãe reconheceu o desenho encontrado na mochila do filho. A ilustração mostra um garoto na escola, aos 16 anos, na sala de aula, com uma professora. "Não podemos concluir que o garoto segurava armas", afirma Lucy.
Quanto à motivação do crime, a delegada ressalta que continua um mistério. "Continuamos investigando se alguém pressionou o estudante a cometer o ato, se tomou as dores de algum colega", explica Lucy. Ela não descarta a hipótese de tiro acidental.
DEPOIMENTOS
A delegada pretende ouvir hoje de manhã a professora no Hospital das Clínicas. na Capital. Ela foi submetida a cirurgia ontem e passa bem.
Há duas semanas, garoto falou sobre morte com o irmão
O irmão de Davi, Gleison Mota Nogueira, 16 anos, disse ontem, em depoimento,que há duas semanas o menino perguntou: "Você ficaria triste se eu morresse?" O jovem não soube dizer o que motivou a pergunta, mas informou que respondeu que sim ao irmão, não levou a sério e desconversou.
Para a delegada Lucy Mastellini Fernandes, o fato não caracteriza que a tragédia tenha sido planejada com antecedência pelo garoto.
Lucy ressalta que a relação dos irmãos era de amizade. Mesmo com o bom relacionamento, Gleison não soube explicar os possíveis motivos que levaram o irmão a atirar na professora e se matar.
Assim como os pais, o garoto não percebeu nenhuma atitude diferente do irmão nos dias que antecederam a tragédia.
Quanto a possíveis problemas com educadores, o jovem negou. "Em uma das conversas, falavam sobre os professores que gostavam mais. O jovem disse que Davi não tinha problemas com os professores e que gostava mais de uma. Já ele afirmou que não gostava de alguns", explica a delegada.
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