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Apoio a mulher agredida é desafio em Diadema
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
11/04/2005 | 12:42
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Apoio psicológico e jurídico às mulheres vítimas de violência é um dos desafios que a Prefeitura de Diadema se propõe dentro do pacote de ações para redução dos índices de violência na cidade. A fase dois do Plano de Segurança do município prevê a conscientização das mulheres sobre a importância de notificar as agressões na delegacia, tendência já manifestada nas estatíticas. A proposta da Prefeitura é ampliar a rede de proteção à vítima.

O número de atendimentos na Delegacia da Mulher é maior do que nos anos anteriores. Já o percentual de agressões consumadas diminuiu. A ameaça já é suficiente para que a mulher procure ajuda policial.

Em 2004, dos 1.493 atendimentos feitos pela Delegacia da Mulher da cidade, 1.390 (60%) relatavam agressões. Desde o início deste ano, a DDM já registrou mil atendimentos, e apenas 300 (30%) referem-se a agressões.

“O que falta é garantir à vítima assistência psicológica e jurídica”, afirma a delegada da cidade, Maria Angélica Serpe. A DDM oferece atendimento psicológico às suas vítimas. O trabalho é feito por voluntários da Universidade Metodista. O mesmo tipo de convênio, promete a delegada, deve ser posto em prática até o fim do mês para assistir juridicamente mulheres agredidas.

De acordo com a chefe de divisão da Secretaria de Assistência Social e Cidadania de Diadema, Maria Aparecida da Silveira, outras ações também serão fundamentais para aumentar a proteção às vítimas. Uma das propostas que deve ser aplicada a curto prazo é um planejamento único que envolve assistência social, Secretaria da Saúde, Delegacia da Mulher e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Maria Aparecida acredita que ainda há um grupo de mulheres que se “esconde” após ser agredida.

Outro passo fundamental para que as mulheres confiem suas denúncias à delegacia ou a Casa Beth Lobo (entidade assistencial do município que atua no combate à violência contra a mulher) é a humanização da sala do IML (Instituto Médico-Legal). “As condições de atendimento são precárias. O exame precisa ser acompanhado por assistentes sociais e psicólogas”, afirma Maria Aparecida.

A construção de uma casa abrigo na cidade para atender mulheres agredidas e filhos também está em estudo. Hoje, existe apenas um endereço no Grande ABC. Lá, entre as seis mulheres abrigadas, uma é de Diadema. “Teremos aqui outro espaço igual para ampliar a capacidade”, explica a chefe da assistência social.

Comportamento – A delegada de Diadema Maria Angélica Serpe afirma que a mudança comportamental das mulheres agredidas é resultado de constante trabalho de conscientização e de ações colocadas em prática na primeira etapa do programa de combate à violência da Prefeitura.

“A lei seca foi peça-chave para a redução dos índices de agressão contra a mulher. Contribuiu muito, mas é paliativa e por isso ações paralelas servem de reforço”, acredita.

Outra mudança são as denúncias de contágio venéreo, antes raras. “Vamos encerrar o ano com maior volume de atendimento do que o ano passado, mas com real queda do índice de agressões consumadas, principalmente estupros e atentado violento ao pudor.”

Caso – Manuela Cristiane Pires dos Reis está com 30 anos e há cerca de 16 meses pôs fim definitivo ao relacionamento doentil que mantinha com o pai de seus quatro filhos desde que tinha 19 anos. Durante o período em que esteve casada, apanhou muito e chegou a perder um filho por causa das agressões.

Manuela e os filhos (de 9, 7 e os gêmeos de 5) saíram de Diadema. Ela passa dificuldade financeira para criar as crianças, mas afirma que agora é “feliz, vive em paz e sossego”. “Ele foi o único homem que tive e sempre acreditei que tinha mudado, até que ele começou me bater na frente da minha família.” O drama de Manuela durou mais de 10 anos. Ela afirma que perdeu a conta de quantas vezes se separou e retomou o relacionamento com o companheiro. Evangélica, ainda se emociona quando fala do assunto, mas não se entrega: “Ele não vê os filhos e nunca os aceitou. Eu apanhava para defender. Ficamos sem nada, mas temos um ao outro.”



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