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Clóvis Volpi 'fecha a porta' ao PSDB
Matheus Adami
Do Diário do Grande ABC
22/03/2010 | 07:00
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‘Sonho de consumo' do PSDB de Mauá, o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), afirmou que, se for mesmo candidato à Prefeitura, não pretende trocar de legenda.

Além de chefe do Executivo de Ribeirão Pires e desejado para substituir Oswaldo Dias (PT) no Paço de Mauá, Volpi é presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

"Eu fico lisonjeado. Nesse momento, eu não considero. As circunstâncias demonstram que o PV tem capacidade para disputar uma eleição em Mauá. Mas hoje , isso (PSDB) está descartado", disse o prefeito. "Mas você imagina, hoje vou almoçar em Mauá e encontro meus amigos e começam as brincadeiras. Eles exageram um pouco", completou.

As brincadeiras exageradas, segundo Volpi, não são à toa. O político tem amplo histórico na militância tucana, legenda que ajudou a fundar. Na sigla, foi vereador em Mauá por duas ocasiões (1983 a 1988 e 1992 a 1996), deputado estadual (1995 a 1998) e deputado federal (1999 a 2002). Entre 1993 e 1994, Volpi presidiu a Câmara de Mauá.EM

"Está muito cedo até para pensar em uma mudança. Tenho um grupo grande de amigos no PSDB, tanto no Estado quanto no federal. O governador tem feito muita coisa em Ribeirão Pires e meus velhos amigos que continuam no poder têm me ajudado muito. Acho que é isso que cria esse clima", disse Volpi.

Para ser candidato à Prefeitura de Mauá, de acordo com o verde, é preciso duas coisas: margem de 20% a 25% de preferência em pesquisa eleitoral e "clamor popular". "Além disso, tem de ter condição jurídica. Se tiver pesquisa em junho ou julho em 2011 e a condição disser que tenho que me ausentar, vou levar em conta a pesquisa. Tenho um bom vice, inteirado da Prefeitura e que tem condições de assumir", disse, referindo-se ao vice-prefeito de Ribeirão Pires, Edinaldo Menezes, o Dedé (PPS).

Atualmente alocado politicamente em Ribeirão Pires, onde é prefeito desde 2005, Volpi teria de trocar o domicílio eleitoral para Mauá um ano antes do pleito de 2012 se for confirmado como candidato ao Paço.

Coração verde - O prefeito Volpi rasgou elogios à legenda, confirmando que não irá voltar ao ninho tucano, de onde saiu em 2001. "Eu não faria isso com o PV. É a minha sigla, gosto demais e me sinto bem aqui. O PV me dá oportunidade de trabalhar com muita liberdade, não é um partido que fica no pé. Foi e é muito importante na minha carreira."

Sobre o passado político, o presidente do Consórcio afirmou que, quando trocou o PSDB pelo PV, pensava em dar um tempo nas urnas. "Eu não ia concorrer a mais nada, queria só voltar a fazer militância política. O PSDB já era consolidado e eu queria fazer militância. Tinha muitos amigos no PV e foi na época que o Gabeira (Fernando Gabeira, deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro, atualmente no próprio PV) saiu do PV para ir para o PT.

A presidência do PV pediu para eu entrar para o partido, para ter outro deputado. Quando mudei, era para parar a carreira."

Além do prefeito de Ribeirão Pires, a sigla estuda o nome do vereador e atual presidente do diretório municipal, Atila Jacomussi, para disputar a Prefeitura.

Vereador de Mauá pode ceder espaço para o prefeito vizinho
Dentro do PV de Mauá, quando se fala em Clóvis Volpi, já se pensa nas eleições de 2012. A quase um ano e meio das eleições municipais, o partido já se movimenta para retornar ao Executivo depois de quatro anos.

Na legenda, entretanto, impera a política da amizade. Embora o vereador Atila Jacomussi, presidente do diretório municipal e provável adversário de Volpi no meio verde, já tenha expressado o desejo de concorrer à sucessão de Oswaldo Dias (PT), a vaga seria cedida para o atual mandatário de Ribeirão Pires, caso ele queira se candidatar. Mesmo assim, tudo dependerá da conjuntura. "A conversa é bem arredondada. O nome que estiver melhor dez meses antes do período eleitoral, será o candidato."

Já haveria, inclusive, conversa para que o vice de um dos verdes seja Ângela Donatiello Lopes (DEM), mulher do vereador Manoel Lopes (DEM) e pré-candidata à Assembleia Legislativa. Fora os democratas, PSDB e PRP reforçariam o arco de alianças do PV. Além disso, se Volpi decidir tentar o Paço pelo PSDB, o PV não irá lançar candidato.

Nos bastidores, comenta-se que Volpi teme um eventual crescimento de Jacomussi nas urnas neste ano. O vereador é pré-candidato a deputado federal e, caso obtenha 40 mil votos, estaria virtualmente credenciado como o representante do PV na disputa pelo Executivo.

Questionado, Volpi informou que cederá o lugar a Jacomussi se o parlamentar quiser mesmo substituir Oswaldo Dias e ambos estiverem numericamente empatados nas pesquisas. "Sou um aglutinador, ganhei eleições assim", completou Volpi.

Tucanos traçam estratégia para ter político na eleição de 2012
Um nome forte para disputar o Paço em 2012. É isso que o PSDB vai buscar assim que terminar as eleições deste ano.

Embora a questão seja tida como muito precoce pelas lideranças municipais, o planejamento para tirar o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi, do PV já está traçado.

Após o pleito deste ano, ocorrerão pesquisas. "Se ele tiver uns 20% da preferência contra o Oswaldo (Dias), Paulo Eugenio (Pereira Júnior, vice-prefeito e secretário de Saúde), Diniz (Lopes, superintendente do Sama - Saneamento Básico do Município de Mauá) e Atila (Jacomussi), ele vem", afirmou o presidente do PSDB mauaense, o vereador Adimar José Silva, o Edimar da Reciclagem. "Depois das eleições, a prioridade será ter um nome forte", reiterou o dirigente.

Dentro da sigla, comenta-se que o namoro entre a cúpula tucana e Volpi ocorre desde o ano passado. E mais: que o presidente do Consórcio tem reagido a contento do PSDB.

A favor do casamento, conta o fato de Volpi ter tido histórico de militância na legenda, além de ser amigo do candidato do PSDB ao governo do Estado, Geraldo Alckmin, e do presidenciável José Serra. "Temos uma amizade e estamos de portas abertas. Ele já foi tucano e tem grande amizade. Depois das eleições, iremos conversar", disse o presidente Edimar da Reciclagem.

Caminho fica livre em Mauá se Oswaldo deixar de concorrer
Caso seja mesmo candidato a prefeito de Mauá daqui a um ano e meio, seja por PV ou PSDB, Clóvis Volpi pode não ter de enfrentar diretamente o atual chefe do Executivo da cidade, Oswaldo Dias (PT).

O petista enfrenta na Justiça processo de cassação dos direitos políticos que, se for mantido, o deixará inelegível por cinco anos. O processo, atualmente, está no Ministério Público e a defesa do prefeito ainda não teve acesso aos autos para recorrer.

A condenação em primeira instância de Oswaldo refere-se à mostra de fotos e vídeos das realizações dos oito anos de sua gestão (1997-2004), chamada Túnel do Tempo, ocorrida em 2004, em pleno período eleitoral.

Na época, Oswaldo participava da campanha de seu vice-prefeito e candidato à sucessão, Márcio Chaves Pires (PT).

A exposição foi considerada ato de improbidade administrativa e, por isso, a candidatura de Márcio foi impugnada.

Em fevereiro deste ano, a Justiça mudou a decisão. A 3ª Vara Cível de Mauá inocentou Márcio Chaves, atual secretário de Governo de Araçatuba, e condenou Oswaldo Dias a perder os direitos políticos por cinco anos e pagar multa equivalente a R$ 900 mil.




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