A elevação na alíquota do compulsório sobre depósitos à vista, anunciada na sexta-feira pelo BC (Banco Central), revela a preocupação da autoridade monetária com a possibilidade de o crescimento do crédito provocar, mais à frente, uma bolha que leve à insolvência do sistema financeiro.

A avaliação é do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. De acordo com ele, não se deve achar que por causa dessa medida o BC vá aumentar menos juros. "Compulsório não é substituto de juros", diz Souza Leal, parafraseando o próprio presidente do BC, Henrique Meirelles, que no começo do ano, após ter mexido no compulsório, repetiu várias vezes este pensamento.

Segundo o economista do ABC Brasil, o presidente do BC voltou a tocar neste assunto, sinalizando que eventuais medidas a serem adotadas teriam caráter meramente prudencial. "Eu quero acreditar nas palavras dele", complementa.

Na avaliação do economista do ABC Brasil, com essa medida o BC até pode estar sinalizando que só taxa de juros não contém o crédito na velocidade esperada. Mas, na visão dele, a ideia não é simplesmente frear o crédito e seus impactos sobre a inflação.

Crise econômica - "Não se traz uma inflação de 5% para 4,5% com compulsório. Ajuste fino se faz com taxa de juros", diz. A preocupação do BC, segundo Souza Leal, é com a possibilidade de agravamento da crise econômica lá fora num momento em que o crédito internamente esteja bombando. "Temos que lembrar que o que ajudou o Brasil a passar bem pela crise foi o fato de que o crédito não tinha uma penetração forte na economia", defende o economista, para quem o BC, com esta medida, não demonstra preocupação com a inflação.