O possível veto do prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), ao projeto de proibição às sacolas plásticas em supermercados da cidade promete ser o estopim para uma rebelião do PSB no Legislativo. A matéria, aprovada em agosto, foi apresentada pelo vereador José Ricardo (PSB), que viu seu grupo político perder o comando do partido, depois de, segundo o socialista, sofrer ingerência de integrantes do Executivo na eleição interna.

A derrota da chapa sucessória, encabeçada pelo vereador Almir Cicote e apoiada por Ricardo, então presidente, deu evidência ao desgaste da bancada com o governo. Diante do novo cenário, a tendência é que o partido siga no projeto de reeleição de Aidan. A interlocução do Paço com o dirigente estadual da legenda, Marcio França, sem passar pela executiva municipal é outro ponto da desarmonia entre as partes.

Segundo Cicote, o posicionamento da administração teria de ser a cautela, evitando atrapalhar a convenção do partido. "Esse tipo de postura vai ser questionada no futuro. É inevitável a atitude causar desconforto. Acho uma falta de respeito costurar em outro partido." O candidato da ala contrária, Ivo de Lima, assumiu o diretório com 65% dos votos.

O secretário de Gabinete e de Saúde da Prefeitura, Nilson Bonome, minimizou a situação, afirmando que a disputa se deu apenas no âmbito interno. "Isso não atrapalha na condução. A questão sobre sustentação dos vereadores não dá para garantir. Acredito que vai se definir agora com o novo diretório." Os vereadores armaram a artilharia justamente contra Bonome, acusando de interferir na eleição.

Na sessão de ontem, a primeira após a convenção, o ambiente não era de cumplicidade. Por conta do clima adverso, comentou-se que emissários do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, desembarcaram no reduto andreense para convencer os dois vereadores a se filiar no PSD, que teve seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Cicote negou o convite. "Por enquanto não houve nada."