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Caso Celso:investigação tropeça em vaidades
Mário César de Mauro
Do Diário do Grande ABC
17/02/2002 | 18:03
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A polícia investiga há um mês o seqüestro e morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, e ainda não apresentou resultados conclusivos sobre o caso. Os mais fortes indícios até agora foram as descobertas do suposto cativeiro: um bar abandonado na rua do Guaicuri, uma das vias principais da favela Pantanal, estourado pela polícia no último dia 31 de janeiro e a Blazer carbonizada encontrada num lixão da mesma região. No bar foram apreendidos um cartão e um boleto do plano Clube Sul América Saúde e Vida em nome de Celso, e o documento do veículo, cuja cor original era verde escuro. Após o estouro do cativeiro, seis pessoas foram presas e apontadas como suspeitas do crime.

Os procurados pela polícia – Juscelino da Costa Barros, o Cara de Gato; Mauro Sergio Santos de Souza, o Serginho; os irmãos Andrelison dos Santos Oliveira, o André Cara Seca, e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho; além de Itamar Messias da Silva dos Santos – ainda estão foragidos. Todos foram apontados como participantes do seqüestro de Celso por Manoel Dantas de Santana Filho, o Cabeção, e confirmados pelo adolescente conhecido como Kiti, também detido.

Nos 30 dias de investigações, o caso passou por pelo menos cinco órgãos de Segurança Pública de São Paulo. Também foi aberto inquérito pela Polícia Federal. No dia do seqüestro, 18 de janeiro, o caso foi registrado no 26º DP do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e logo remetido para a DAS (Divisão Anti-Seqüestro), subordinado ao Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). Dois dias depois, quando o corpo de Daniel foi encontrado em Juquitiba, houve um novo registro na delegacia do município, onde testemunhas foram ouvidas e, em seguida, encaminhado à Delegacia Seccional de Taboão da Serra. A via sacra continuou até o inquérito ficar a cargo do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Mesmo com as apurações centralizadas no DHPP, praticamente toda a polícia paulista participou das investigações sobre o caso, além de policiais de outros Estados. Mais de 15 laudos periciais fundamentais ainda não estão prontos, incluindo o da compatibilidade das amostras da tinta colhida da Blazer com a retirada da lataria danificada da Pajero preta. E só devem ser divulgados no fim desta semana.

Desencontros e guerra de vaidades estiveram presentes na corrida para ver quem conseguiria uma melhor pista. No caminho, falhas graves, como a liberação da Pajero do empresário Sérgio Gomes da Silva.

Suspeitos de integrarem a Farb (Frente de Ação Revolucionária Brasileira) foram detidos, mas nada foi provado. Pistas chegaram de Monte Sião, Sul de Minas Gerais; de Mirassol, interior de São Paulo, com a prisão de dois seqüestradores; de Embu, depois do estouro de um sobrado e o encontro de um Santana com fios de cabelo branco e um envelope do Rubaiyat; de Miracatu, após a PF achar um casebre de madeira; e de Altamira, no Pará, com a prisão de quatro suspeitos não reconhecidos. Indícios já descartados como os quatro Santanas apreendidos e a segunda Blazer encontrada incinerada na região de Taboão da Serra.




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