A Petrobras admitiu nesta quinta-feira que o país tem capacidade para garantir por apenas mais uma semana que o abastecimento de gás natural no país não seja comprometido pelos efeitos da crise política na Bolívia. Apesar disso, a estatal informou que prepara um plano de contingência em conjunto com as empresas produtoras e distribuidoras para evitar maiores problemas.

Segundo nota divulgada no início da noite, "o plano considera a utilização de combustíveis substitutos (bicombustíveis) como uma das principais alternativas para gerenciar uma situação temporária de redução no fornecimento do insumo proveniente da Bolívia". "As medidas de contingência já tiveram início nas refinarias da Petrobras e serão estendidas à geração de energia elétrica a partir do gás natural (usinas termelétricas)".

A Petrobras ressalta ainda que os reservatórios de usinas hidrelétricas estão com níveis elevados de água acumulada, "o que assegura a confiabilidade de fornecimento de energia elétrica no país". Além disso, na geração térmica, será usado combustível substituto ao gás natural.

A estatal informou que o abastecimento do GLP (ou gás de botijão) ao consumidor está garantido, "pois sua disponibilidade não depende de importações da Bolívia". Também está assegurado o abastecimento de gás natural canalizado aos consumidores residenciais, "independentemente de medidas emergenciais que venham a ser adotadas caso a situação evolua para uma redução, ou até mesmo interrupção, do fornecimento do gás boliviano para o Brasil".

Pela manhã, o diretor de Assuntos Internacionais da estatal, Nestor Cerveró, informou que o maior efeito negativo do bloqueio nas estradas bolivianas é a suspensão das vendas de petróleo brasileiro para o país. Há três dias, o Brasil não consegue fazer chegar à Bolívia o petróleo embarcado aqui.

Já o diretor financeiro da Petrobras, Sérgio Gabrielli, disse que a princípio a estatal não planeja retirar os trabalhadores da empresa das áreas ocupadas por manifestantes na Bolívia. Segundo o executivo, o Brasil importa da Bolívia pelo gasoduto 24 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.