Uma das responsáveis pelo primeiro ouro olímpico do Brasil no salto com vara foi Fabiana Murer. Não que a atleta de 35 anos, que ontem anunciou oficialmente a aposentadoria, tenha subido ao lugar mais alto do pódio no Rio de Janeiro – ficou bem longe disso –, mas ela foi uma das principais incentivadoras da carreira de Thiago Braz, que surpreendeu o francês Renaud Lavillenie e foi campeão em terras cariocas. Os dois estiveram juntos ontem em homenagem da BM&FBovespa, em São Paulo.

Fabiana deu mais do que incentivo ao medalhista. Ela bancou com dinheiro do bolso a estadia do campeão olímpico por três meses em São Paulo quando ele resolveu sair de Bragança Paulista, no Interior do Estado, para tentar evoluir na estrutura montada pela BM&FBovespa em São Caetano.

“Dei ajudinha para ele vir para São Paulo. Era setembro e o clube só poderia contratá-lo a partir de janeiro, então dei essa sustentação ao Thiago, depois ele começou o trabalho pelo clube e teve tranquilidade para se sustentar na cidade grande”, explicou Fabiana.

Thiago reconheceu que a ajuda da saltadora foi fundamental e em momento decisivo. “Agradeço muito à Fabiana por ter praticamente me patrocinado por três meses no início da minha carreira”, disse o campeão olímpico, que mesmo não fazendo mais parte do clube de São Caetano foi premiado pela BM&FBovespa com uma barra de ouro, que equivale a cerca de R$ 140 mil, pela conquista no Rio de Janeiro.

Apesar da cordialidade entre as partes, ficou evidente que o rompimento de Thiago com o time de São Caetano não foi dos mais amigáveis. O saltador fez o trabalho de base no clube do Grande ABC, onde chegou em 2010, e quando se preparava para disputar as competições adultas, em 2014, resolveu ir para a Itália treinar com o ucraniano Vitaly Petrov, que já havia trabalhado com Serguei Bubka e Yelena Isinbayeva, duas lendas da modalidade.

O campeão olímpico chegou apressado ao evento, sentou afastado dos demais integrantes da equipe que também foram homenageados e mostrou certo constrangimento com a premiação recebida.

Político, porém, Thiago agradeceu a homenagem e citou rapidamente a ajuda de todos do clube de São Caetano, inclusive do ex-técnico Elson Miranda, marido e treinador de Fabiana Murer e que teria sido o pivô do seu descontentamento com os trabalhos realizados no time do Grande ABC, fato motivador para os treinamentos na Itália. O campeão olímpico, aliás, lamentou a ausência de Petrov no evento. “Quero agradecer ao meu técnico, que não pôde estar aqui, mas tanto eu como ele sabemos como foi difícil chegar a esse momento e conseguir uma medalha em Jogos Olímpicos”, comemorou.