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Tênis melhora a vida dos carteiros
Glauco Araújo
Do Diário do Grande ABC
24/01/2004 | 18:21
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Neste domingo é o Dia do Carteiro e a data será comemorada pela categoria com mais conforto para seus pés. Explica-se: em agosto do ano passado, um novo tipo de calçado foi especialmente projetado para eles por engenheiros especializados em biomecânica da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos). A novidade foi aprovada por 830 entregadores de correspondências do Grande ABC, que durante anos sofreram com dores nas pernas, nos pés e nas costas, ocasionadas pelo antigo “pisante”.

“Não temos registros numéricos do quanto representavam essas queixas no departamento médico dos Correios, mas posso dizer, com absoluta certeza, que as reclamações caíram em sua totalidade”, reforçou Romeu Geraldo de Souza, 46 anos, gerente do CTC (Centro de Tratamento de Cartas) da região. O projeto do novo calçado, que incluiu mudanças nas bolsas e roupas dos carteiros, levou dois anos para ser concluído e custou aos Correios R$ 4 milhões.

O carteiro Almir Ribeiro Miguel, 42 anos – dos quais 12 dedicados ao ofício – elogiou a inovação, que faz parte de seu uniforme desde agosto do ano passado. “É como se estivéssemos pisando nas nuvens. É muito confortável”, disse ele.

Com o desenvolvimento do calçado, os Correios tiveram de mudar o primeiro fabricante, que não acertou inicialmente a matéria-prima para a confecção do tênis. “Passamos a responsabilidade da fabricação para uma outra fábrica, que usou materiais de melhor qualidade e confiança”, explicou Souza.

Anteriormente, os calçados precisavam ser trocados a cada quatro meses. Hoje, duram cerca de seis meses. Eles têm propriedade antifungo, antiperfurante e antiderrapante.

Amigos – A rotina diária dos carteiros propicia que novas amizades sejam conquistadas ao longo dos anos. Após 12 anos de profissão, Miguel vê os destinatários das cartas como antigos conhecidos. “Tenho respeito pelo que faço e isso reflete nos moradores, que sempre me atendem com um sorriso no rosto”, disse o carteiro.

Moradora do Parque das Nações, em Santo André, a dona de casa Iris de Souza, 48 anos, disse que conhece Miguel há mais de cinco anos. “Acho muito bom o trabalho que ele faz. É muito dedicado”. Do mesmo bairro, a comerciante Maria José Souto Maior, 36, só reclama de uma coisa, que foge ao controle do carteiro: “Dificilmente ele me traz uma carta de amigo. Quase sempre são contas para pagar.”

Quando pára pra pensar no tempo de profissão, Miguel lembra de pelo menos duas situações engraçadas. “Em uma ocasião, fui entregar uma carta na rua Nevada e dei de cara com umas dez vacas na frente do portão da casa. Tive de passar no meio delas para conseguir deixar a carta na caixinha.”

Uma outra vez, ele disse que um morador experimentou o próprio veneno. “O cara foi segurar o cachorro para eu entregar a carta e o bicho acabou mordendo o dono dele. Acontece.”




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