Setecidades Titulo
TCE questiona doação em Mauá
Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
19/05/2004 | 22:34
Compartilhar notícia


A doação de uma área pública para a construção de um shopping em Mauá foi motivo de apontamentos no parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado) que rejeitou as contas administrativas de 2000 do prefeito Oswaldo Dias (PT) e está na Câmara para ser analisado e votado nos próximos dias.

O presidente da Comissão de Orçamento e Finanças, vereador Carlos Alberto Polisel (PSDB), responsável pela análise do parecer, disse que o TCE apontou como irregular a doação com encargos de área pública, além de concessão de isenção de ISS (Imposto Sobre Serviços) e IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O Tribunal entende que a medida contrariou a lei de licitações 8.666/93, além da Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe renúncia de receita.

Segundo o TCE, a administração contrariou o artigo 17 da lei 8.666/93 que diz que a alienação de bens de imóveis depende de autorização legislativa e de avaliação prévia e licitação na modalidade concorrência. O artigo ainda diz que a licitação só é dispensada quando trata-se de doação para outro órgão ou entidade da administração pública de qualquer esfera de governo.

“Eu entendo que o bem público tem de retornar para a Prefeitura, porque a legislação não foi obedecida”, disse o tucano que vai avaliar com o seu companheiro de comissão, vereador Otávio Godoy (PP), se entrarão com uma ação popular na Justiça.

O termo de responsabilidade e compromisso para doação de terrenos para a construção do shopping center foi assinado entre a Prefeitura e a Brasterra Empreendimentos Imobiliários Ltda.

A assessoria de imprensa da Prefeitura disse que o TCE é um órgão consultivo e a apreciação caberá à Câmara. A assessoria disse que o governo não vai se manifestar sobre o parecer. O prefeito Oswaldo Dias conta com o apoio de 16 dos 21 vereadores da cidade.

O departamento de comunicação informou que o acordo firmado para a construção do shopping consistiu na isenção de ISS e IPTU no valor de R$ 3,5 milhões, mas em contrapartida, a empresa Brasterra fez a compensação dos benefícios em serviços.

Segundo a assessoria, por causa dessa parceria foram construídas a avenida governador Mário Covas e a rua do Comércio, além da reurbanização da avenida Antonio Rosa Fioravanti e a reconstrução dos prédios da escola Municipal Papa Léguas e de uma entidade filantrópica. Os investimentos somaram R$ 4,45 milhões.

Falhas – Entre as irregularidades apontadas pelo Tribunal no exercício de 2000 estão também a quebra de ordem cronológica no pagamento de precatórios e a anulação de empenhos nos dois últimos quadrimestres daquele ano. No entendimento do TCE, a anulação foi motivada pela falta de suporte financeiro para a sua cobertura. Para o Tribunal, é falha grave por desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, “além de distorcer as peças contábeis”.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;