Setecidades Titulo Santo André
Após júri, família de
Eloá processa Estado

Advogado entra com pedido de indenização por achar que
houve falha da polícia no caso que resultou na morte da jovem

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
28/02/2012 | 07:00
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Após condenação de Lindemberg Alves Fernandes a 98 anos e dez meses de prisão em regime fechado, a família de Eloá Pimentel vai pedir indenização na Justiça pela ação da Polícia Militar durante o cárcere da menina, em outubro de 2008. Segundo o advogado Ademar Gomes, houve dano moral e material, já que o apartamento ficou completamente destruído.

"Temos plena convicção de que teremos sucesso. O Estado foi negligente. Não posso aceitar que a polícia não tinha equipamentos para escuta. Ouvir conversa pela parede, através de copo, é coisa de comadre, um absurdo", disse, referindo-se ao depoimento de policiais do Grupo (Grupo de Ações Táticas Especiais) durante o júri que condenou Lindemberg.

Foi no escritório de seu representante, no Jardim América, na Capital, que Ana Cristina Pimentel falou ontem pela primeira vez sobre a condenação do ex-genro. Para a mãe de Eloá, apesar do dinheiro não ser o mais importante, a polícia tem de assumir "os seus 50% de culpa." "Tiveram chance para fazer alguma coisa e não fizeram. Ficou bem claro isso para todo mundo", disse.

Ao lado do neto, Victor, 7 meses, Ana Cristina comemorou "sua nova família", apontando para as pessoas que receberam os órgãos da filha morta. Entre eles, o mecânico Emerson Dardis, 28, presente na entrevista coletiva.

A família de sangue, no entanto, vai voltando à rotina após a condenação, no dia 16. O filho mais velho, Ronickson, voltou ao trabalho. Everton Douglas, o caçula, está bem, segundo a mãe.

Ana Cristina voltou ao emprego de recepcionista de um pronto-socorro de Santo André e diz que o encontro com o público lhe deu forças. "Todo mundo quis vir me abraçar."

Mas demorou para ela confirmar que o pesadelo acabara. Abalada pelo julgamento, Ana ficou dois dias após o júri em repouso forçado dentro de casa, à base de remédios para dormir. "Não falava com ninguém. Os jornalistas ligavam em casa, mas não queria falar com ninguém. Fiquei muito abalada com tudo o que aconteceu."

Incluído aí a atitude da advogada Ana Lúcia Assad, de deixá-la confinada um dia e uma noite para a oitiva como testemunha de defesa para, em cima da hora, cortá-la. "Não houve discussão, como foi falado. Apenas fiquei sem entender o que aconteceu. Ela ficou nervosa do nada naquele momento. Mas chegou a me cumprimentar e desejar boa sorte. Não pude falar o mesmo."

Sobre Lindemberg, Ana não aceitou seu pedido de perdão e classificou como mentiroso todo seu depoimento. Diz que o ex-genro teve três anos para fazer isso. Apesar de não sentir medo caso ele saia da prisão, afirma não se importar mais com a decisão da advogada de pedir a anulação do julgamento. "É o direito dele. Não espero nada da Justiça daqui, porque ela é falha. Se ele sair hoje ou amanhã, não vai trazer minha filha de volta."




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