Advogado entra com pedido de indenização por achar que
houve falha da polícia no caso que resultou na morte da jovem
Após condenação de Lindemberg Alves Fernandes a 98 anos e dez meses de prisão em regime fechado, a família de Eloá Pimentel vai pedir indenização na Justiça pela ação da Polícia Militar durante o cárcere da menina, em outubro de 2008. Segundo o advogado Ademar Gomes, houve dano moral e material, já que o apartamento ficou completamente destruído.
"Temos plena convicção de que teremos sucesso. O Estado foi negligente. Não posso aceitar que a polícia não tinha equipamentos para escuta. Ouvir conversa pela parede, através de copo, é coisa de comadre, um absurdo", disse, referindo-se ao depoimento de policiais do Grupo (Grupo de Ações Táticas Especiais) durante o júri que condenou Lindemberg.
Foi no escritório de seu representante, no Jardim América, na Capital, que Ana Cristina Pimentel falou ontem pela primeira vez sobre a condenação do ex-genro. Para a mãe de Eloá, apesar do dinheiro não ser o mais importante, a polícia tem de assumir "os seus 50% de culpa." "Tiveram chance para fazer alguma coisa e não fizeram. Ficou bem claro isso para todo mundo", disse.
Ao lado do neto, Victor, 7 meses, Ana Cristina comemorou "sua nova família", apontando para as pessoas que receberam os órgãos da filha morta. Entre eles, o mecânico Emerson Dardis, 28, presente na entrevista coletiva.
A família de sangue, no entanto, vai voltando à rotina após a condenação, no dia 16. O filho mais velho, Ronickson, voltou ao trabalho. Everton Douglas, o caçula, está bem, segundo a mãe.
Ana Cristina voltou ao emprego de recepcionista de um pronto-socorro de Santo André e diz que o encontro com o público lhe deu forças. "Todo mundo quis vir me abraçar."
Mas demorou para ela confirmar que o pesadelo acabara. Abalada pelo julgamento, Ana ficou dois dias após o júri em repouso forçado dentro de casa, à base de remédios para dormir. "Não falava com ninguém. Os jornalistas ligavam em casa, mas não queria falar com ninguém. Fiquei muito abalada com tudo o que aconteceu."
Incluído aí a atitude da advogada Ana Lúcia Assad, de deixá-la confinada um dia e uma noite para a oitiva como testemunha de defesa para, em cima da hora, cortá-la. "Não houve discussão, como foi falado. Apenas fiquei sem entender o que aconteceu. Ela ficou nervosa do nada naquele momento. Mas chegou a me cumprimentar e desejar boa sorte. Não pude falar o mesmo."
Sobre Lindemberg, Ana não aceitou seu pedido de perdão e classificou como mentiroso todo seu depoimento. Diz que o ex-genro teve três anos para fazer isso. Apesar de não sentir medo caso ele saia da prisão, afirma não se importar mais com a decisão da advogada de pedir a anulação do julgamento. "É o direito dele. Não espero nada da Justiça daqui, porque ela é falha. Se ele sair hoje ou amanhã, não vai trazer minha filha de volta."
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.