Cultura & Lazer Titulo
Filme alemao conta história de terrorista
Do Diário do Grande ABC
17/02/2000 | 15:36
Compartilhar notícia


Dez anos depois da queda do Muro, o cineasta alemao Volker Schlondorf conta no filme "A História de Rita"o que aconteceu com os terroristas da Fraçao Armada Vermelha, formada por jovens esquerdistas do lado ocidental que, arrependidos ou decepcionados, decidiram levar uma vida normal. É o caso de Rita Vogt, colocada pela polícia secreta alema, a Stasi, na antiga Alemanha comunista, onde vivia com outra identidade.

Descoberto seu passado, é obrigada a mudar novamente de identidade. Em outra outra cidade e com outro nome, ela se apaixona por um russo, mas nao pode deixar a Alemanha, por exigência da Stasi. Quando cai o Muro, a propria Stasi trai a terrorista e a entrega para os alemaes ocidentais. Ao tentar transpor uma barreira, é morta por policiais.

Esse filme sobre o antigo "lado comunista", de onde todos sonhavam sair, o que surpreendia a esquerdista Rita, é o primeiro exercício sério da Alemanha reunificada para compreender seu passado e o que ocorria no setor comunista. A ex-terrorista inspiradora do filme, Inge Viett, presa e condenada a alguns anos de prisao depois da queda do Muro, autora do livro autobiográfico "Nunca Tive Medo", está processando Schlondorf. Ela nao concorda com a versao apresentada. Embora Scholondorf tenha comprado os direitos do livro, se defende dizendo ter feito um filme de ficçao

Pergunta - Como foi a pesquisa para esse filme?

Volker Schlondorf - Eu sabia só o que havia sido publicado nos jornais, mas quando começaram os processos contra os ex-terroristas, comecei a fazer pesquisas. Com o autor do roteiro, Wolfgang Kohlhase, encontrei pessoas envolvidas enquanto a personagem do filme ia sendo julgada. Falei também com dirigentes da antiga polícia secreta, responsáveis pelas ex-terroristas. No começo ninguém se interessava por esse projeto de filme. Nem os terroristas, nem a Alemanha comunista eram considerados temas populares para um filme. Até se abrirem as portas para a produçao, nao por grandes estúdios, mas pela televisao. É uma pena que a pessoa tratada nao se reconheça, mas para nós era importante tratar da atmosfera que havia aqui na Alemanha, naquela época.

Pergunta - Parece que o filme deveria ter ido para Cannes, em lugar de Berlim, é isso?

Schlondorf - Eu achei, porém, que esse filme nao tinha nada a fazer em Cannes, com nossos problemas do passado de Leste e Oeste. Cheguei à conclusao de este filme precisava ser debatido aqui em Berlim.

Pergunta - Nao houve gentileza demais no tratamento da terrorista? Schlondorf - O filme trata da historia de uma terrorista arrependida, de alguém que deixou o terrorismo.Na Itália, foi possível reintegrar essas pessoas. Com o nosso rigor alemao isso parece impossIvel. O filme nao queria tratar do terrorismo, da carreira dela no terrorismo, nem dos atentados cometidos. Queríamos mostrar a sinceridade da personagem, nao julgá-la.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;