Os advogados da Prefeitura de Santo André preparam petição judicial para descobrir de que maneira foram feitas as gravações de conversas telefônicas entre o secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Sousa, e o empresário Sérgio Gomes da Silva, principal testemunha do seqüestro e assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), e entre Klinger e a namorada de Celso, Ivone Santana.

Trechos das duas conversas foram publicadas por uma revista semanal. “Estão me apontando como suspeito”, disse Sérgio, irritado, na primeira ligação. No segundo telefonema gravado, Klinger teria conversado com Ivone logo após a transmissão de uma entrevista dela pela TV. “Foi bom você se colocar na condição de vítima e viúva”, afirmou Klinger.

A administração confirma que os telefonemas aconteceram e que os trechos divulgados foram realmente ditos pelos envolvidos. Mas a Prefeitura quer saber se a Justiça havia concedido autorização para que as gravações fossem feitas. “Queremos que a revista revele de onde tirou essa gravação e se foi legal”, disse o chefe de gabinete do prefeito João Avamileno, Gilberto Carvalho.

O deputado estadual Vanderlei Siraque (PT), integrante da comissão que acompanha as investigações, também criticou a gravação e divulgação das conversas telefônicas. “Há duas questões graves. A primeira é saber se tinha autorização e, segundo, que não poderia divulgar. A polícia não pode trabalhar na clandestinidade e isso lembra os arapongas da época da ditadura”, afirmou.

A divulgação das gravações também irritou o empresário Sérgio Gomes. O advogado dele, Roberto Podval, protocolou sexta-feira petição para que o inquérito tramite em segredo de justiça e, assim, evite novos vazamentos de informações.