A falta de leitos para internação no Grande ABC é a mostra de que as administrações da região são dependentes do governo estadual, apesar de seis dos sete municípios serem considerados gestores plenos e, na teoria, deveriam ser responsáveis por suprir todas as demandas de baixa e média complexidade. Para se ter uma idéia da situação da região, se a população do Grande ABC que não tem convênio médico tivesse de contar apenas com a rede pública das sete cidades, encontraria a mesma relação de leitos por habitante que há no Iraque.
A falta de estrutura para internação, para análises clínicas e de atendimento com especialistas e, em especial, a ausência de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) travam todo o sistema de Saúde, obrigando pacientes que talvez não tenham tempo para esperar em filas intermináveis.
O Ministério da Saúde classifica Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema. Mauá e Ribeirão Pires como gestores plenos dos recursos do SUS (Sistema Único de Saúde). Isso significa que essas cidades recebem diretamente os recursos do Fundo Nacional da Saúde para gerir todos os níveis do atendimento à Saúde e têm de cuidar da saúde básica, com programas preventivos e o Programa Saúde da Família, além de gerir os atendimentos ambulatoriais e de prontos-socorros, arcar com exames complementares e encaminhamento para especialistas, e seguir o tratamento até o fim - seja com cirurgia, internação ou um medicamentos.
O que se vê, porém, é uma uma crescente demanda pela saúde pública e uma extrema dificuldade das administrações em conseguir equilibrar seus orçamentos com gastos cada vez maiores. E aí fica o questionamento: faltam verbas ou uma melhor administração pública já seria suficiente para um atendimento adequado?
A região tem tentado as duas coisas. A experiência da Fundação do ABC tem sido utilizada para auxiliar na administração de unidades de Saúde em Santo André, São Bernardo e São Caetano. Ao mesmo tempo, os municípios lutam por verbas dos governos estadual e federal.
Mas a falta de bom atendimento nas redes municipais acaba refletindo nos dois hospitais estaduais da região, que no ano passado receberam R$ 135 milhões. As unidades são a referência da região para atendimento de alta complexidade, mas fazem procedimentos como ultra-sonografia. Situação bem exemplificada e criticada pela diretora de Saúde de São Caetano, Regina Maura Zettone. Para ela, a necessidade de vagas de UTI não é sinal de carência do município. "Enquanto os hospitais estaduais gastarem recursos em exames de papanicolau, endoscopia e ultra-som (de responsabilidade dos municípios), não haverá investimentos em mais vagas", afirma.
No geral, a região carece de uma integração de seus serviços e de agregar novos atendimentos especializados para que o Grande ABC possa, de fato, ser gestor.
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