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Mediação de conflitos
atinge 60% de resolução
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
20/12/2010 | 08:48
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A solução de pequenos problemas do cotidiano que incomodam grande parte da população pode ser mais simples do que se imagina. Desentendimentos entre vizinhos, discórdia sobre excesso de barulho, infiltrações alheias, latidos de cachorros. Pormenores que às vezes se arrastam por anos podem ser mediados por profissionais que têm preparo especial para lidar com situações de divergência. Desde 2006, o programa de Mediação de Conflito de Diadema já atendeu 826 casos como esses, sendo que 60% resultaram em um acordo pacífico entre as partes.

O serviço foi implantado após o Observatório Municipal de Segurança ter constatado que 80% das vítimas de homicídios daquele ano foram motivadas por razões banais, além do fato de que assassinos e vítimas moravam a até um quilômetro de distância, o que demonstrou que em grande parte dos casos os envolvidos se conheciam. Atualmente, os motivos mais comuns para a procura do serviço na cidade são infiltrações em residências, som alto, ameaças e inquilinos que não pagam aluguel.

A Mediação de Conflitos integra um dos 17 compromissos do 2º Plano Municipal de Segurança, que busca reduzir a violência no município e difundir a cultura de paz como alternativa para resolução de atritos familiares, comunitários e sociais. Os mediadores têm o papel de facilitar o diálogo entre pessoas que tenham manifestado intenção de acordo, de forma que as relações pessoais possam ser restauradas e mantidas ao longo do tempo em um ambiente mais saudável.

O programa é coordenado desde 2008 por Maria Aparecida Luz, a Cida, que também atua como mediadora. Ao todo, quatro pessoas são responsáveis por mediar os encontros, entre eles, dois guardas civis da cidade. A capacitação desses profissionais foi feita na abertura do programa por uma empresa especializada em consultoria psicológica, que teve o papel de identificar indivíduos com o perfil desejado para a função. O curso foi destinado aos guardas civis da cidade, lideranças comunitárias e religiosas, técnicos das secretarias municipais, membros dos conselhos municipais e polícias Civil e Militar. "O intuito é fazer com que os vizinhos tenham boa convivência. Estamos colaborando para que as estatísticas de violência não aumentem futuramente. Gosto do meu trabalho e me identifico com o munícipe que vem até aqui. Procuramos ser o mais agradável possível para conquistar a confiança deles e também para que percebam que não estamos a favor de ninguém", explicou a coordenadora.

SÃO BERNARDO - Entre as atividades que compõem o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) de São Bernardo destaca-se um projeto semelhante ao que existe em Diadema. O Núcleo de Justiça Comunitária visa atingir as causas que terminam em violência, em especial as que são geradas entre pessoas que vivem próximas, como em núcleos habitacionais. O programa objetiva formar e capacitar agentes comunitários em mediação de conflitos, sempre sob a supervisão e assessoria de profissionais da administração.

Com tais medidas, a Prefeitura planeja solucionar os conflitos de interesses entre os cidadãos através do acesso à Justiça. O primeiro núcleo de Justiça Comunitária será instalado no município no início de 2011, no bairro Alvarenga. O local já foi denominado como Território da Paz.

O fim de oito meses de discórdia

O vazamento que atingiu a casa de Nilsoberto Alves Costa por oito meses foi solucionado no mês passado, após procurar auxílio na Prefeitura de Diadema. Orientado a se informar na Secretaria de Defesa Social, o pedreiro fez o primeiro contato com Cida, a coordenadora do programa, que lhe informou os procedimentos iniciais adotados para a resolução da divergência.

O problema que afetou o quarto do pedreiro vinha do banheiro da casa vizinha, onde reside o aposentado Laerte Ferreira Dias, ambos moradores do Jardim União, próximo ao Inamar. "Já estava vendo quando ia perder minha casa. O trabalho foi ótimo, e as pessoas são excelentes. Assinamos o acordo e o problema foi resolvido.".

Laerte concordou com a conciliação e pagou R$ 700 para consertar a infiltração causada no cômodo da casa vizinha. "Fomos muito bem atendidos. A equipe é muito atenciosa. Muita gente morre por causa desses problemas. É bem melhor resolvermos pacificamente." Hoje, ambos garantem que a convivência é saudável. "Se precisar de novo, agora já sei a quem recorrer", brincou Nilsoberto. Para os interessados em saber mais sobre o programa ou solicitar ajuda o telefone para informações é o 4044-0255.

Acordo firmado tem validade jurídica

De acordo com a coordenadora do programa, apenas 3% dos solicitados desistem de colaborar com a mediação e faltam aos encontros marcados. Desta forma, se estiver de acordo, o solicitante é encaminhado à Justiça e o processo é encerrado no programa. A mediação é feita em encontro na sede da secretaria e o termo de acordo tem validade jurídica. "Encaminhamos uma carta-convite para o solicitado, sem a descrição do motivo. Isso acontece porque quando as pessoas recebem a carta muitas vezes acham que é uma intimação. Alguns vão à porta do vizinho tirar satisfação, por isso só podemos falar se comparecer pessoalmente. Ele não é obrigado a vir, mas pode resolver de maneira pacífica. Geralmente eles preferem a mediação porque acham que a solução é mais rápida. No primeiro momento eles chegam bravos, mas depois agradecem o trabalho realizado e saem se abraçando", finalizou a coordenadora.




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