Os sobreviventes das dunas e áreas alagadas do Rali Rota Sul, disputado no Rio Grande do Sul, chegarão neste domingo ao seu destino final. Os últimos 364 dos 1,2 mil km que compõem a prova serão percorridos entre Bagé e Rio Grande. Cento e vinte e dois pilotos estão na trilha desde sexta-feira, quando deixaram a cidade de Torres. Mas, se eles são as estrelas, alguns carregadores de piano trabalham no anonimato para que o rali tenha sucesso.

Enquanto os pilotos dão o que podem em seus carros e motos para superar os obstáculos das trilhas, pelo menos 30 voluntários – anônimos e sem remuneração – encaram o que vier pela frente, apenas pelo prazer da aventura. Exercendo as funções de motorista, cinegrafistas e controladores técnicos, entre outras, estão engenheiros, donos de indústria, médicos e outros profissionais liberais, que trocam o prazer de vivenciar uma prova off-road pelo seu tempo longe de seus negócios.

É o caso de Devi Sarti, industrial do setor de metalurgia, na cidade de Caieiras, e que dirigiu um dos carros destinados à imprensa. Durante as provas, ele deixa de comandar os 50 funcionários de sua empresa e assume o volante de um carro 4 x 4. “Eu tenho vontade de um dia participar como piloto e aqui eu posso vivenciar todos os detalhes”, afirma.

No mesmo esquema, o engenheiro de software, Eduardo Motta, participa do Rota Sul como controlador técnico. “Nós cuidamos da largada, da chegada e de tudo o que acontece na trilha. Fazemos com que a prova aconteça”, afirma. Também sem ganhar nada, ele inicia sua jornada ainda de madrugada e só pára muito tempo depois que o último carro cruzou a linha de chegada. “Vale a pena o sacrifício. O prazer de estar aqui é muito grande. Se não fosse pelo rali, eu jamais poderia conhecer lugares como este. Poderia até ter condições financeiras, mas talvez nem soubesse da existência de um local assim”, afirmou, enquanto cronometrava a chegada dos carros .

Mas não basta apenas ter vontade para se tornar um voluntário, seja no Rota Sul ou no Rali dos Sertões – prova mais tradicional do off-road no Brasil – é necessário mandar um currículo para a Dunas Racing, organizadora do evento, e ter o nome aprovado. Mas é bom não alimentar muitas esperanças, pois a empresa recebe uma quantidade alta de pedidos.