A China decidiu adotar para 2008 uma política monetária e fiscal mais rígida, anunciou nesta quarta-feira a agência Nova China, acrescentando que esta é uma mudança de orientação em relação aos últimos dez anos.
A agência oficial enfatizou que essa política monetária muda em relação às medidas de prudências em vigor nesse setor há uma década. A decisão foi tomada durante a tradicional reunião destinada a fixar os objetivos econômicos do próximo ano, ocorrida nos últimos dois dias entre as mais altas autoridades.
Os participantes nesta conferência a portas fechadas consideraram que os créditos devem desempenhar um papel mais importante no controle macroeconômico. Neste âmbito, a política rígida aconselhada se choca com a prudência que presidiu a economia chinesa há uma década, segundo a agência, que não dá mais detalhes a respeito.
Concretamente, o governo fortalecerá o controle dos volumes e as freqüências dos empréstimos para regular melhor a demanda interna, segundo estas fontes. "Até agora só se falava em prudência. Isso mostra que o governo se leva muito a sério o preço dos ativos e a inflação", enfatizou Zhang Ming, do instituto da Academia de Ciências Sociais.
A declaração oficial de que se quer controlar o ímpeto da ágil economia chinesa e sua inflação era algo esperado, assim como um ajuste do crédito. O PIB (Produto Interno Bruto) da China continua sendo superior aos 10%, impulsionado pelos investimentos e as exportações.
Segundo a Academia de Ciências Sociais, o crescimento será de 11% em 2008 e de 11,6% este ano. Paralelamente, o país deve controlar sua inflação, já que o índice de preços ao consumidor vai aumentar 4,5% este ano, apesar de o limite anterior fixado fosse de 3%.
No âmbito da política monetária, as autoridades recorreram em 2007 a uma alta das taxas de juros e das reservas obrigatórias dos bancos para tentar limitar o crédito que alimenta os investimentos, dentro de um sistema onde a liquidez é considerada excessiva.
Para 2008, o discurso oficial é um rigor maior, mas "as autoridades talvez recorram menos aos ajustes da taxa de juros e optem por medidas administrativas", segundo o economista do Bank of America, Wang Tao.
Do ponto de vista fiscal e segundo o especialista, o governo poderá frear as exportações de produtos cuja fabricação exige muita energia e recursos naturais e castigar os setores que mais poluem.
Mas os analistas não esperam medidas drásticas que freiem excessivamente o crescimento, o que poderia implicar um aumento do desemprego e dos problemas sociais. Em outubro, o presidente Hu Jintao insistiu na necessidade de um "desenvolvimento equilibrado que garantisse um crescimento sadio e rápido" do gigante asiático.