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Quem ganha com vazamentos?

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspendeu a delação premiada de Leo Pinheiro

Carlos Brickmann
24/08/2016 | 07:06
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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspendeu a delação premiada de Leo Pinheiro, o presidente da empreiteira OAS. Motivo: o vazamento de parte da delação, divulgado na capa da última Veja.
Pergunta 1 – Que será feito com a delação de Marcelo Odebrecht, amplamente vazada, amplamente comentada, até nesta coluna?
Pergunta 2 – O vazamento é ilegal e anula a delação – a teoria do fruto da árvore contaminada, que deve ser descartado. A Operação Castelo de Areia, que atingia uma grande empreiteira, foi anulada assim. Quantos processos foram abertos contra responsáveis por vazamentos?
Pergunta 3 – O caso do apartamento do Guarujá e do sítio de Atibaia se baseiam largamente em delações da OAS. O caso se sustenta sem isso?
Pergunta 4 – Que acontecerá com uns 70 anexos da delação de Pinheiro?
A parte da delação de Leo Pinheiro que atinge o ministro Dias Toffoli é fragilíssima – aliás, não lhe imputa crime. Levantar suspeitas sobre o ministro, ou o STF, por eventuais pressões, é no mínimo prematuro; e é ofensivo ao procurador Rodrigo Janot considerá-lo vulnerável a pressões.
Por que, então, atirar nos advogados de Pinheiro a culpa do vazamento? Não tem lógica: por que vazariam a delação, correndo o risco de anulá-la e de trocar uma confortável prisão domiciliar por décadas de prisão comum?
E, enfim, a grande pergunta: quem se beneficiou com o vazamento?

Quem não fez?
O responsável pelo sigilo é que deve guardá-lo. O jornalista pode (e deve) divulgar aquilo que lhe cair nas mãos. É buscar, então, quem deveria proteger a transcrição das delações e verificar por que não o fez.

Quem fez?
Gilmar Mendes, ministro do STF, sugere onde iniciar as buscas: “(...) a investigação deve começar pelos próprios investigadores (...) Diria que o vazamento não é de interesse dos delatores. Acho que é dos investigadores, como tem se repetido em outros casos”.

Coisa estranha
Parece incrível, mas em processos rumorosos não é incomum que advogados peçam a jornalistas cópias das acusações a seus clientes. A informação correta chega antes aos repórteres e depois aos advogados.

Inverno quente
Começa hoje em Brasília a etapa final do impeachment, que deve terminar no dia 29, ou 30, provavelmente com a derrota de Dilma. Para ficar, ela precisaria do voto de 24 dos 81 senadores. Deve ter entre 19 e 21.

É coisa nossa
Do jornalista Ricardo Noblat (http://noblat.oglobo.globo.com/): “A partir da próxima semana, fora a jabuticaba, haverá outra coisa para chamarmos de nossa: a presidente da República afastada por um golpe que comparece ao último ato do seu julgamento para se defender diante de golpistas. Se for absolvida, dirá que derrotou o golpe. Se for condenada, dirá que foi vítima dele. Em seguida, embarcará para uma temporada de férias no Exterior porque ninguém é de ferro”.

Boa memória
Um assíduo leitor desta coluna comenta, a respeito da nota sobre o pedido de Temer ao PSDB para definir um nome de consenso, que ele o apoiaria em 2018 (até hoje não recebeu resposta), que Tancredo Neves, já escolhido presidente, foi procurado por uma comissão do Triângulo Mineiro, que pedia a criação de um Estado.
Concordou: bastaria escolher a capital, Uberlândia ou Uberaba. O assunto morreu. 




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