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Fatores externos derrubam o dólar
Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
15/11/2003 | 21:05
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   O dólar sempre foi considerado um refúgio para investidores avessos a riscos e referência quando o assunto era optar por uma moeda de credibilidade. Nos últimos meses, entretanto, a maioria das moedas sujeitas a câmbio flutuante está tendo valorização significativa perante a moeda norte-americana, como o euro, iene e até mesmo o real.

Uma série de políticas adotadas pelos Estados Unidos explica esse comportamento do dólar. A economia norte-americana vinha de um forte crescimento durante a década de 90. Entretanto, no final do ano 2000, começo de 2001, o desenvolvimento perdeu o fôlego e o crescimento esgotou-se, ajudado também em parte pelos escândalos das bolsas, além do fatídico 11 de setembro.

Para recuperar a economia do país, o Fed (Banco Central americano) optou por baixar as taxas de juros agressivamente. Essa decisão não foi acompanhada nos países europeus. Enquanto os Estados Unidos tinham cerca de 1,5% de taxa de juros, na Europa o valor era de 3,5% a 4%, o que ocasionou um movimento de valorização do euro.

“A tendência do investidor é aplicar seu dinheiro onde a taxa de juros está mais atraente, o que aumenta a demanda pela moeda”, diz Antonio Evaristo Lanzana, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP e diretor da LZN Consultoria Econômica.

Celso Martone, professor da FEA/USP, também lembra que, de dois anos para cá, a administração de George W. Bush proporcionou a expansão das despesas do governo americano junto com um corte de impostos, o que gerou um déficit gigantesco, que beira 4% do PIB americano (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas pelo país), com tendência de chegar aos 5%, o que pode ocasionar insegurança dos investidores em relação à saúde da economia norte-americana no futuro.

“Além disso, há um fato político, que foi o atentado terrorista de 11 de setembro, que trouxe certa desconfiança de que os Estados Unidos eram um local seguro”, diz. Após o atentado, o turismo foi prejudicado nos Estados Unidos, e visitantes passaram a trocar a terra do Tio Sam por países europeus, o que aumentou a demanda por euros. Além disso, com a formação do Mercado Comum Europeu, a moeda do continente também passou a ter maior credibilidade mundial.




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