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Ugo Giorgetti vê gente que faz ... pizza
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
03/04/2005 | 20:31
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O cineasta Ugo Giorgetti lança em junho um documentário sobre a pizza. O filme foi feito em co-produção entre a SP Filmes e a TV Cultura. Será exibido apenas na TV e ficará de fora do circuito cinematográfico comercial. O documentário é uma visão de São Paulo, tendo a pizza como ponto de união.

As filmagens foram realizadas em dezembro. Giorgetti percorreu vários bairros da capital e da região metropolitana. Foi em favelas e pontos chiques. "É um documentário que mostra as pessoas que fazem e vivem da pizza", conta o cineasta.

O Diário seguiu os passos de Giorgetti e fez a mesma coisa aqui na região. A reportagem conversou com motoboys, pizzaiolos, garçons, proprietários de restaurantes e deliveries.

 A nova produção de Giorgetti ainda não está concluída. Falta finalizar os processos de edição, sonorização e montagem. Ele acredita que o trabalho termine em dois meses. O filme terá 50 minutos de duração.

O autor dá mais detalhes: "Nós fomos em diversas pizzarias. Estivemos na favela de Heliópolis, no Jardim Ângela, em Campo Limpo; em bairros de classe média alta, como Higienópolis, Jardins e Granja Viana, em Cotia".

A pizza mais barata que ele encontrou, em sua peregrinação, pode ser encontrada no Jardim Ângela. Nesse bairro que fica no chamado "triângulo da morte", entre o Capão Redondo e o Parque Santo Antônio, uma "branca" (mussarela) sai por módicos R$ 7.

A "branca" mais cara custa R$ 48 e é vendida na Tal da Pizza, na Granja Viana. A Tal da Pizza é um restaurante muito particular, situado na estrada de Embu, em que os clientes usam as próprias mãos para comer. O lugar dispensa o uso de garfo e faca. Tem gente que adora; tem gente que nunca mais volta.

A equipe de filmagem esteve em pontos tradicionais como o restaurante Castelões, no Brás, e a igualmente bastante conhecida pizzaria Angelo, no italianíssimo bairro da Mooca.

Ele constatou que os descendentes de italianos desapareceram nessa nova fase da pizza paulistana. "A maioria é formada por nordestinos. Não tem mais aquela geração de italianos, que fazia pizza."

Realizações - O cineasta Ugo Giorgetti tem um olhar urbano. Seus filmes falam de personagens que se relacionam com a metrópole. Ele é autor de A Festa, Sábado, Príncipe e Boleiros. Este último teve parte de sua produção rodada em Santo André e foi concluído em 1998. Boleiros reunia um grupo de ex-jogadores de futebol em uma mesa de bar. O filme era dividido em episódios e mostrava as reminiscências de ex-rivais.

O filme teve boa recepção de público e crítica. Por esse motivo, o cineasta decidiu produzir Boleiros 2, que teve filmagens iniciadas em 29 de março e deve ser finalizado até maio. "Não vai ter muita cena de futebol", avisa Giorgetti.

O elenco escalado repete vários nomes que atuaram no primeiro filme: Otávio Augusto, Denise Fraga e Cássio Gabus Mendes. O veterano narrador esportivo Silvio Luiz será o dono do bar, onde os boleiros se encontram para recordar os bons tempos do passado, quando faziam gols e tinham seu nome gritado por milhares de torcedores em estádios lotados.

Em outra co-produção com a TV Cultura, Giorgetti dirigiu, em 2000, o documentário Uma Outra Cidade, que fez uma reconstrução da São Paulo dos anos 50 e 60.

Personagens - Em relação ao seu documentário sobre a pizza, Giorgetti observa que esse prato funciona como um "unificador da cidade", a exemplo do que ocorre com "a cerveja e o futebol".

O filme, ele conta, acompanha personagens que sobrevivem em torno da pizza. É o caso dos motoboys. "Nós seguimos os entregadores. Em Higienópolis, o pessoal tinha um pouco de medo. Ficavam assustados com a gente. Na periferia, a reação era diferente. Parecia normal chegar um motoboy com a pizza, trazendo junto toda uma equipe de filmagem."

O único problema encontrado pelo cineasta foi a questão do peso. Onde ele ia, era quase que obrigado a provar pedaços e mais pedaços das redondas. Ficava difícil recusar. Dava impressão de desdém. Felizmente, quando acabou, o cineasta subiu na balança e constatou que havia engordado "só um pouquinho".




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