A DIR-2 (Direção Regional de Saúde), órgão na região subordinado à Secretaria Estadual de Saúde) recebeu até esta quarta-feira cinco notificações de surtos de catapora em creches do Grande ABC. Quatro notificações são de creches em Santo André, com um total de 54 crianças infectadas. Em Diadema, um único estabelecimento no Jardim Canhema acumulou 40 casos da doença em crianças de seis meses a 10 anos. Nenhum dos casos resultou em morte. Pessoas que freqüentam os locais de surto e que ainda não apresentaram a varicela, como a doença também é conhecida, serão vacinadas. O contágio da doença é mais comum entre o fim do inverno e o início da primavera. No Estado, a Secretaria de Saúde contabiliza esse ano 1.603 casos, a maioria agora, sendo que nove doentes morreram.

Os surtos notificados da região começaram em agosto, apesar de os primeiros casos da doença terem aparecido no mês anterior. O surto se caracteriza quando mais de duas crianças apresentam a doença no mesmo ambiente.

Normalmente, as notificações por parte das prefeituras à DIR-2 ocorriam após o término dos surtos, mas esse ano o órgão recebe os avisos conforme o aparecimento dos casos e uma equipe municipal vacina as crianças de 1 a 5 anos que ainda não tiveram catapora. Antes, a imunização era feita nos postos de saúde. “A disponibilização das vacinas pode ser considerada um avanço no combate à doença”, disse a diretora técnica do Grupo de Vigilância Epidemiológica da DIR-2, a médica Tânia de Moura Guerschman. O volume de casos está dentro do esperado, segundo Tânia, para esta época do ano.

Segundo Tânia, outras pessoas podem estar infectadas pelo vírus da varicela na região, em casos isolados ou em ambientes de surto ainda não notificados ou ainda em estudo. “Em São Bernardo, havia uma escola com suspeita, mas ainda não recebemos nenhuma informação oficial, os relatórios finais não estão fechados”, disse a médica.

Em Diadema, o surto de 40 crianças ocorreu no Núcleo Educacional Estado de Israel, mais conhecido como a creche da Santa Casa, no Jardim Canhema, com 260 alunos. Conforme a diretora da unidade, Ana Tomasuolo, o último caso identificado foi no dia 21 passado. Esta quarta-feira, pelo menos dez crianças estavam afastadas das aulas. “Todo dia aparecia um caso novo, chegamos a ter cinco no mesmo dia. Os alunos voltavam para casa e as professoras redobraram a atenção”, disse ela. A maior preocupação inicial era a de imunizar uma educadora gestante.

Até sexta-feira, deve haver vacinação das pessoas que ainda não tiveram catapora na creche de Diadema, segundo a especialista no controle de doenças da Vigilância à Saúde da cidade, a enfermeira Flávia Prado. Em Santo André, a vacinação também está sendo providenciada nas creches. “As crianças que estão com a doença devem ficar em casa para evitar a proliferação”, disse Flávia. Tânia alerta que mesmo as crianças vacinadas não estão totalmente livres de desenvolverem a doença. “Mas vai aparecer de forma mais amena”, afirmou.