O Grande ABC tem intactos 33,6% de Mata Atlântica. Nos últimos dois anos, o desflorestamento na região se manteve estável, segundo dados divulgados ontem pela fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Os remanescentes florestais na região somam 28 mil hectares, o que equivale a 28 mil campos de futebol.
A cidade que ainda conserva maior área de floresta nativa é São Bernardo, com 42,6% de verde. Na sequência vêm Rio Grande da Serra (37,8%), Santo André (35,4%) Ribeirão Pires (23,2%), Mauá (7%) e Diadema (1,8%). São Caetano já não tem mais nenhum hectare de Mata Atlântica.
Na pesquisa anterior, referente ao período entre 2005 e 2008, a região desmatou 139 hectares. "Esse desflorestamento é a maior consequência da construção do Trecho Sul do Rodoanel", explicou a coordenadora do Atlas dos Remanescentes da Mata Atlântica, Marcia Hirota. A coordenadora avaliou que a região voltará a ser impactada no próximo estudo, devido às obras do Trecho Leste do anel viário.
O País registrou queda no desflorestamento no biênio, com 31 mil hectares. Nos três anos anteriores o índice foi de 102 mil hectares.
A pesquisa aponta ainda que o ritmo de desmatamento teve queda de 55%. "Comemoramos os dados, mas ainda fica o alerta. Minas Gerais e Bahia ainda têm perdas grandes nas matas secas", salientou Hirota.
O Estado de São Paulo está em sexto lugar no ranking, com 579 hectares derrubados.
Os impactos do Código Florestal no Grande ABC são vistos de forma diferente por ambientalistas. O documento está em votação no Congresso Nacional e ainda terá de ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff (PT), caso aprovado. A última versão do projeto, elaborado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB - SP), prevê a legalização das atividades agrícolas em APPs instaladas até julho de 2008.
"O Grande ABC vai ser pressionado pelo mercado imobiliário. Esse não é o código florestal, e sim o código da motosserra", afirmou o diretor de Políticas Públicas do SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani.
Já o pesquisador do Inpe Flávio Ponzoni não vê grandes impactos para a região. "O principal problema são os ‘puxadinhos'. A topografia da Serra do Mar não permite desmatamento para uso rural."
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