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Água barrenta abastece
bairro de São Bernardo
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
25/05/2011 | 07:03
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Barrenta. Assim é a água que abastece a Rua Josefina de Almeida, na região central de São Bernardo. Há quatro décadas os moradores da via sofrem com a qualidade da água.

Ontem, a equipe do Diário constatou a cor da água que chega às torneiras. A Sabesp, responsável pelo abastecimento, foi procurada, mas não retornou até o fechamento desta edição.

Para evitar problemas de contaminação, moradores instalaram filtro primário na entrada da rede de água de suas residências, logo após o cavalete onde fica o hidrômetro.

"Faz um ano e meio que instalamos o filtro. Mesmo assim, a água da rua só usamos para lavar roupa, tomar banho, coisas desse tipo. Pagamos por uma água tratada que não recebemos. Tenho certeza de que outras vias têm o mesmo problema. Nossa rua é só uma amostra do que acontece na cidade", declarou, indignado, o aposentado Waldemar Casagrande, 71 anos, que há 48 mora no número 25 da rua. O equipamento custou R$ 1.200 e precisa ser limpo a cada duas semanas. Mas sua aquisição permitiu a constatação, em agosto do ano passado, sobre a quantidade excessiva de barro que chega com a água. Desde então, ele e vizinhos fazem contato com a Sabesp para tentar uma solução.

Segundo relatos, o problema no abastecimento no local é antigo. "A sujeira vai se acumulando pelo cano da rede. Há dias que há mais barro, noutros menos", explicou o aposentado. Antes, também sofriam com falta d'água porque o encanamento era antigo e estreito. Em 1988, o DAE (Departamento de Águas e Esgoto), então responsável pelo fornecimento, fez uma nova rede, na calçada oposta, para tentar sanar os problemas.

Os moradores contam que naquela época, alguns técnicos do DAE faziam a limpeza da rede periodicamente. Em 2004, quando a Sabesp passou a se responsabilizar pelo abastecimento, o serviço foi interrompido.

No ano passado, os moradores tentaram uma nova solução. "Por sugestão minha, interligaram a rede antiga com a nova para melhorar o fluxo, o que infelizmente não resolveu", lamentou.

O aposentado João de Antoni, 80, morador da casa 19, tem um filtro instalado há dez anos para reduzir a impureza. "Também temos filtro dentro de casa, além desse no quintal, que precisa ser limpo a cada cinco meses", detalhou João.

Já a diarista Rosa Viana de Carvalho, 52, reclama da sujeira na roupa. "Se é pano claro, fica todo sujo de barro. Para não acontecer, deixou a água cair um tempo antes de começar a lavar", disse Rosa.

Na rua existem oito casas, um prédio de 12 apartamentos e um estacionamento. A síndica do prédio, Maria José Sucasas, 72, disse que também instalou filtro.

Em agosto de 2010, a ouvidoria da Sabesp enviou resposta afirmando que todos os casos de má qualidade são analisados e medidas corretivas são tomadas. Os moradores confirmam que foram recolhidas amostras, mas que não levaram a uma solução.

 

Existem outras reclamações

Além da água barrenta, moradores da Rua Josefina de Almeida reclamam das condições do asfalto da via e calçadas quebradas por conta das obras realizadas na rede de água, assim como de contas com valores mais altos em fevereiro.

"Eles resolveram mudar todos os nossos hidrômetros no fim de janeiro. As oito casas receberam contas muito diferentes da média. A maioria acima dela", contou a arquiteta Ariane Casagrande, 47 anos, que mora no número 31.

Ela foi a única a receber nova conta com valor corrigido, de R$ 53,02 para R$ 29,62, referente a janeiro.

Os demais pagaram mesmo os valores mais altos e aguardam ressarcimento. Segundo relatório apresentado à Sabesp, a casa 3 teria recebido conta com uma diferença de 298% a mais, passando de R$ 91,59 a R$ 365,12.

Já a aposentada Egle Lobo, 70, costuma pagar média de R$ 35. Em fevereiro, a cobrança foi para R$ 93,64. "Inicialmente, não paguei porque pensei que me mandariam uma nova conta, depois de termos reclamado. Em março, recebi a cobrança do mês e também a de fevereiro, afirmando que se não pagasse, cortariam o fornecimento", lamentou Egle, que pagou os valores cobrados.

"Além de tudo, a Sabesp mente ao dizer que trata o esgoto antes de depositar em nossos rios e córregos", lembrou Waldemar Casagrande.

Em resposta sobre isso, a Sabesp informou, em agosto de 2010, que até 2017, 91,4% da coleta e tratamento de esgoto serão realizados no município.




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