Cultura & Lazer Titulo Hiper-realista
Sensações em forma de arte

Artista plástico Giovani Caramello expõe
obras inéditas na Casa do Olhar, em Sto.André

Vinícius Castelli
20/08/2016 | 07:00
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Anderson Silva/DAGBC


 Traços minuciosos, sentimentos, questionamentos, poesia e enxurrada de pensamentos. Tudo acontece quando a arte é assinada por Giovani Caramello. O artista plástico andreense expõe de novo em Santo André dois anos após sua estreia. Ele apresenta peças inéditas em Introspecção, que tem curadoria assinada por Thomaz Pacheco e toma conta da Casa do Olhar Luiz Sacilotto. A mostra fica em cartaz até 24 de setembro e a entrada é gratuita.

O escultor hiper-realista de 26 anos apresenta desta vez três instalações inéditas montadas em ambientes diferentes. As obras abordam temas recorrentes em seu íntimo e levam o público mais para perto do artista. Entre as peças, está Me Deixe em Paz, esculpida em tamanho real e que representa criança dentro de uma caixa de papelão. “É peça imperialista”, explica o artista. Todas as obras da mostra foram criadas no ateliê do artista e feitas com plastilina (massa de modelar), depois molde de silicone e em seguida gesso. “Trabalhei muito”, diz ele, que teve a ajuda da mãe, a ceramista Luci Chicon Caramello, para dar conta do recado.

Outra que ilustra a exposição, e para quem acompanha a carreira de Caramello soa inusitada, é a instalação Solidão, primeira criada para essa mostra. São 1.145 peças feitas a partir de 12 moldes e que representam a figura de monges, sendo que um deles, dourado, fica no centro de todos. “Faz tempo que queria algo em quantidade, fora do hiper-realismo”, diz ele. De acordo com o artista, esse trabalho representa o ser humano quando se sente sozinho, muitas vezes mesmo ao lado de diversas outras pessoas. “ Mas tem o outro lado. Os tibetanos enxergam a solidão como algo positivo, para autoconhecimento.” A sugestão dele é que cada um interprete como quiser. “Eu dou o caminho, a base, a partir daí é com cada um”. Parte da obra ficará para o acervo de Santo André. Segundo o curador, isso é significativo para Caramello. “Os artistas passam a vida tentando entrar em museus e ele já está conseguindo. Para ele, isso é muito importante.”

A outra peça, que também chama a atenção, é a autobiográfica Fobia Social. Ela representa, para Caramello, momento da sua vida que está enterrado, resolvido. A instalação traz partes de um corpo soterrado em construção. Além das pedras, dá para ver apenas braços e pernas. “Queria representar a sensação do que se passa com isso. Já tive fobia social”, explica.

Uma curiosidade que vai além da exposição: quando o artista estava testando a montagem, em sua casa, na quarta-feira, os vizinhos viram de longe e, achando que era um corpo, chamaram a Polícia Militar. “Eles vieram e eu os convidei para entrar e mostrei que era escultura”, conta, aos risos. Após a estada em Santo André, Caramello leva suas obras para a Art Rio, com a Oma Galeria, no Rio de Janeiro, em setembro. “Boa chance de ele ter visibilidade internacional”, explica Pacheco.

> Introspecção Exposição. Na Casa do Olhar Luiz Sacilotto. Rua Campos Sales, 414. Santo André. De terça a sexta, das 10h às 17h; aos sábados, das 10h às 15h. Até 24 de setembro. Grátis.




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