“Na hora em que pediram para eu deitar no chão com a mão na cabeça, a única coisa que eu pensava era para Deus me livrar de tudo aquilo”. A lembrança do feirante Cristiano Gonçalves, 38 anos, retrata os momentos de angústia que o morador da Vila Alpina, na Capital, passou na madrugada de ontem, quando teve seu caminhão incendiado pelos criminosos durante fuga após tentativa de roubo à Protege, em Santo André.

Gonçalves revela que saia da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), acompanhado pelo ajudante Wellignton Vieira, por volta das 3h, e seguia, pela Avenida dos Estados, altura do 2.100, em direção à feira livre do bairro Sumaré, na Zona Oeste da Capital, com o caminhão abastecido de frutas, quando foi abordado pelos criminosos. “Estava parado no farol quando dois homens com armamento enorme pediram para eu sair. Num primeiro momento me assustei e dei ré, mas eles acabaram atirando duas vezes no caminhão, então optei por ceder”, destaca.

Após ser obrigado a estacionar o caminhão atravessado pela via, com a finalidade de bloquear o trânsito, o feirante e o funcionário tiveram de deitar na avenida. “Eles atearam fogo no caminhão. Só fui entender o que estava acontecendo quando a polícia chegou”, observa.

Pai de quatro filhos, Gonçalves afirma ainda não saber como retomar a rotina. “Trabalho como feirante desde os 18 anos. O sustento da minha família depende da minha profissão. Perdi todo material de trabalho”, lamenta.

A família estima prejuízo de pelo menos R$ 80 mil, tendo em vista que o veículo não era segurado. O caminhão é herança do pai, o feirante aposentado Otávio Gonçalves, 65, para que os filhos continuassem a tocar a barraca da família. Depois do episódio, no entanto, fica a dúvida do futuro. “Não sei o que vai ser de nós daqui para frente. Infelizmente, hoje já me sinto ex-feirante”, lamenta o irmão André Gonçalves.