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Alambrado cai e mais de 150 ficam feridos; título da JH deve ser dividido
Do Diário OnLine
31/12/2000 | 14:35
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A final da Copa Joao Havelange, entre Sao Caetano e Vasco, acabou em um triste espetáculo na tarde deste sábado. Uma parte do alambrado do superlotado estádio de Sao Januário caiu aos 23 minutos de jogo (por volta das 16h30) e mais de 150 torcedores ficaram feridos, três deles em estado grave. Depois de muita polêmica e a suspensao do jogo, o Clube dos 13 e a Sport Promotion, organizadores da competiçao, avisaram as diretorias tanto do Sao Caetano quanto do Vasco que o título nacional será dividido.

Mas a decisao ainda nao é oficial. Na terça, o Comitê Executivo do Clube dos 13 vai se reunir. O mais provável é que o título seja dividido, mas é possível também que haja outra partida, como determina o regulamento. A possibilidade é remota, já que os dois times anunciaram férias já a partir deste sábado. No Sao Caetano, a maioria dos contratos vence neste domingo, e pelo menos um dos jogadores já está negociado: o volante Claudecir, que se apresenta no dia 5 ao Palmeiras.

Se nao houver acordo, a decisao será tomada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, com base na súmula do árbitro Oscar Roberto de Godoy.

A decisao de suspender o jogo foi do governador do Rio, Anthony Garotinho (sem partido). Ele ligou para o coronel Paulo Gomes Filho, secretário da Defesa Civil, e deu uma ordem direta para que a partida fosse suspensa.

"É um governador frouxo e incompetente", reagiu o presidente eleito do Vasco, Eurico Miranda. "Foi uma decisao muito sensata", disse o presidente do Sao Caetano, Nairo Ferreira de Souza.

"Alguém precisava tomar uma decisao de bom senso. Mandei o secretário de Segurança (Josias Quintal) sobrevoar o estádio e ficou provado que nao havia como conter aquela massa humana caso algo acontecesse", disse o governador Garotinho. Segundo ele, o governo do Estado colocou o Maracana à disposiçao do Vasco, que recusou. "Tenho isso por escrito".

Até o telefonema de Garotinho ao coronel Gomes Filho, estava decidido que a final iria continuar. Por volta das 17h, o árbitro Oscar Roberto de Godoy, pressionado por Eurico Miranda, garantiu que o jogo seria reiniciado logo que a polícia evacuasse o campo e fizesse uma corrente humana em torno da área que cedeu.

A diretoria do Sao Caetano concordara em prosseguir na partida, mas sob protesto. "Vamos jogar em respeito ao público", dizia o presidente da AD Sao Caetano, Nairo Ferreira de Souza. "Fomos pressionados. Ameaçaram tirar o Sao Caetano da Libertadores do ano que vem. É uma pouca vergonha o que acontece no futebol brasileiro". Segundo Souza, a pressao partiu de um representante da Confederaçao Sul-Americana de Futebol.

Volta olímpica - Enquanto algumas pessoas ainda eram atendidas no gramado, o Vasco 'roubou' a taça da Copa Joao Havelange e se autoproclamou campeao do torneio. Os jogadores deram a volta olímpica em meio aos feridos.

O atacante e capitao Romário deu a explicaçao: "nao havendo jogo, o Vasco é campeao. O regulamento diz que o zero a zero dava o troféu pra gente", disse.

Nélio Brandt, membro do comitê executivo do Clube dos 13, disse que o Vasco nao é campeao. "O máximo que pode acontecer é uma divisao do título", disse.

Luiz de Paula, diretor do Sao Caetano, desafiou Eurico Miranda. "Se ele acha que manda em tudo, vai lá, pega a taça e se diz campeao, o Sao Caetano também é", disse. "Entao, quando nós chegarmos em Sao Caetano, vamos comemorar também".

Minutos depois, o presidente Nairo de Souza foi informado pelo representante da Sport Promotion que o título seria dividido entre os dois times. "Para nós está ok. Nós ganharíamos no campo, sem dúvida. Acho inclusive que o Eurico estava com medo do Sao Caetano, por isso criou toda essa confusao", disse o diretor. "Vamos chegar em Sao Caetano e ir direto para a avenida Goiás, comemorar o título".

Briga - Ao que tudo indica, o alambrado cedeu após ter estourado uma briga no meio da torcida, provocada por um torcedor armado. Com medo de serem agredidas, as pessoas empurraram umas às outras em direçao à grade.

"O estádio estava muito lotado. Onde caberia uma pessoa estavam duas, três", disse à Rádio Bandeirantes um torcedor que se identificou como Carlos Eduardo. "A briga começou quando um pessoal falou que o Romário fingiu a contusao para sair do jogo porque é flamenguista", contou. O atacante foi substituído aos 21 minutos, após sentir uma fisgada na coxa esquerda.

Outra versao diz que a arquibancada de Sao Januário balançou de forma excessiva, iniciando um corre-corre.

Logo que caiu o alambrado, os cerca de 200 policiais que faziam a segurança da partida partiram para cima dos torcedores que caíam sobre o gramado, pensando se tratar de uma invasao. Algumas pessoas chegaram a ser agredidas.




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