Cultura & Lazer Titulo
Isabella é medalha de ouro em NY
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
12/05/2003 | 18:57
Compartilhar notícia


Isabella Gasparini tem 14 anos e faz balé clássico em São Caetano com Toshie Kobayashi. Ganhou há 15 dias a medalha de ouro no Youth America Grand Prix, em Nova York. O concurso internacional lhe rendeu cinco convites para estudar na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. “Isabella é muito disciplinada e séria”, afirma Toshie.

A garota faz balé desde os 4 anos: “Olhava minha mãe dançar (Márcia Lago) e me interessei por balé”. Isabella começou a estudar no Ballet Márcia Lago e há três anos está com Toshie. “Em um festival em Piracicaba, minha mãe encontrou o coreógrafo Aldo Castelo Silva. Por meio dele, cheguei à Toshie”, diz. Isabella mora em Atibaia e vem para o Grande ABC até seis vezes por semana. Exercita-se quatro horas por dia. “Vale a pena o sacrifício”, afirma.

O Ballet Toshie Kobayashi existe em São Caetano há mais de 30 anos. Por ele passaram nomes de destaque da dança nacional, como Sandro Borelli. “Quem não passa por Toshie ou Ismael Guiser não é bailarino”, diz o conceituado coreógrafo Anselmo Zola, que assinou Romance Capixaba para a Cia. de Danças de Diadema. “Tenho o dom de plantar sementinhas e regá-las. Com o tempo, adquiri muita experiência e já tive decepções, mas sempre vi muito talento na Isabella”, afirma Toshie.

A coreógrafa, porém, identifica um problema em Isabella: “Ela é mimada”. “O balé clássico exige muito, tanto do físico quanto da mente. É preciso ser uma pessoa muito forte. O talento é importante, mas não é tudo”, diz. Dedicação, portanto, é mais que bem-vinda. O trabalho tem de ser cuidadoso – andar nas pontas dos pés pode causar sérios problemas de coluna. “Tem de fazer muita força, e dá uma dor muscular”, afirma Isabella, que quer ser bailarina profissional “desde pequena”.

Na primeira fase do concurso, Isabella dançou Raio de Luz, coreografia contemporânea de Ivonice Satie, e Satanella, uma remontagem de Toshie para o clássico de Marius Petipa. Toshie apostou um cacife alto na menina. “Isabella foi a única a dançar Satanella. Ensaiamos seis variações clássicas e fui audaciosa na escolha, porque esse é um clássico muito difícil para a idade dela”, afirma. Quem passa para a segunda fase escolhe com qual dos dois balés segue. Isabella escolheu o clássico.

Havia 75 concorrentes na categoria de Isabella. No corpo de jurados, figuras importantes da dança internacional. Algumas delas: Claude Bessy (Paris Opera Ballet), Deborah Hess (Canada‘s National Ballet School), Tadeusz Matacz (Frankfurt Ballet), Gailene Stock (Royal Ballet School), Rebecca Wright (American Ballet Theatre) e o brasileiro Carlos dos Santos Jr. (Alvin Alley Repertory Ensamble).

Isabella foi admitida no concurso por intermédio da fábrica de produtos para balé e esportes Só Dança, que mandou um vídeo para Nova York. Conquistou a medalha de ouro com as notas 9,7 no clássico e 9,2 no contemporâneo. O concurso aconteceu de 25 a 28 de abril. Na volta, venceu o Festival do CBDD (Conselho Brasileiro da Dança), no Rio, com a nota 9,9.

Das cinco bolsas que ganhou, Isabella está inclinada pela do Canada‘s National Ballet School. “Ainda não tenho certeza de quando vou”, afirma. A bolsa tem a duração de um ano, e a adolescente teria de fazer um teste para continuar. Para Toshie, é imprescindível estudar no exterior: “Nosso maior problema é o mercado de trabalho, agravado quanto ao balé clássico. A realidade é cruel, quero que ela coloque os pés no chão”. Mesmo assim, Isabella não desiste. “Se todos pensassem assim, ninguém mais dançaria”, diz.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;