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Amigos e torcedores dão adeus a Tulica

Ex-atacante do Ramalhão é enterrado no Camilópolis

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
23/02/2012 | 07:30
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A quarta-feira amanheceu ainda mais cinzenta para o torcedor do Santo André. Ontem, dezenas de amigos se despediram do ex-atacante Alberto Soares de Araújo, o Tulica, que foi velado e enterrado no Cemitério do Camilópolis.

Maior artilheiro da história do Ramalhão (63 gols), ele ficou 27 dias internado no Hospital Mário Covas, onde deu entrada com ferimento no pé esquerdo. Diabético, a situação se agravou com o tempo, o ex-jogador foi submetido a quatro cirurgias, teve parte da perna esquerda amputada e, terça-feira, não resistiu e morreu.

Os amigos buscavam palavras para descrever Tulica. Ex-companheiro de Santo André nos anos 1970 e 1980, Arnaldinho rasgou elogios. "Infelizmente, ele nasceu na época errada. Todo mundo fala de Dadá Maravilha, Roberto Dinamite, mas para mim, não teve nenhum centroavante no Brasil tão completo e decisivo como o Tulica", disse. "Era jogador excepcional, que todos se espelhavam pela habilidade incomum. Tenho certeza que se tivesse nascido nos tempos de hoje era nome certo nas convocações da Seleção Brasileira", completou.

Assim que o corpo chegou ao velório, por volta das 12h20, alguns amigos esperavam para dar o adeus. Um deles era Odair Gonçalves de Almeida, 59 anos, fiel companheiro do ex-jogador. Sem conseguir conter as lágrimas, falou o que estava sentindo. "É um pedaço de mim que vai embora. O Tulica era muito mais do que um amigo, um verdadeiro irmão. São mais de 30 anos de companheirismo, de fidelidade. Falava com ele todos os dias. Ainda custo a acreditar no que aconteceu", lamentou Odair, que foi embora antes do enterro com receio de não suportar a emoção.

Entre as personalidades presentes estava Lombardinho, que foi quem deu a última chance para Tulica no futebol profissional. Em 2011, quando assumiu como treinador do Palestra, de São Bernardo, ele convidou o ex-jogador para ser seu auxiliar.

"Não fiz nada do que ele não merecesse. O Tulica era um cara diferente, de coração enorme e que não sabia o que fazer para agradar as pessoas. É uma perda irreparável para o futebol. Ainda não caiu a ficha, não sei como vai ser nos próximos dias", ressaltou.

Além de brilhar com a camisa do Santo André, Tulica acumulou passagens pelo Atlético Goianiense, Vila Nova-GO, Fluminense e Santos, antes de encerrar a carreira em 1987, no Grêmio Mauaense. Ele trabalhou nas categorias de base do Ramalhão e também como professor nas escolinhas de futebol da sede social. Tulica tinha 59 anos e deixou viúva, três filhas e um neto.

 

Ex-jogador passou últimos anos como professor de futebol

Como acontece com a maioria dos jogadores de futebol, a aposentadoria foi um fardo para Tulica. Craque na década de 1970, quando o esporte não pagava salários exorbitantes como os de hoje, ele seguiu trabalhando para sustentar a família. Nos últimos cinco anos, ele atuou como professor da escolinha de futebol do Seci (Sociedade Esportiva Cidade Imaculada), localizada no Parque Capuava.

Um dos grandes amigos que estenderam a mão quando o jogador precisou foi Silvio de Souza, conhecido como Tatinha, presidente do Seci. Ele percebeu que o ex-jogador estava ocioso, precisando de um emprego e logo o contratou. "Um dia vi ele sentado na arquibancada e perguntei o que estava fazendo. Ele disse que nada, joguei um apito na mão dele e contratei para treinar os garotos. Era um cara inteligente e conhecia futebol como poucos", recordou.

Silvio estava ao lado do ex-atacante quando ele se machucou. "Foi tudo muito rápido. Ele bateu o pé em uma escada, depois cicatrizou e voltou ao trabalho. Dias depois bateu novamente, no mesmo lugar, e nunca mais sarou. A situação só piorou até ele falecer", lamentou.




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