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Diego Hypólito e Arthur Nory se redimem em dia de dobradinha

Ginasta andreense erra pouco e conquista a
prata no solo, enquanto campineiro é bronze

Rodrigo Mozelli
Especial para o Diário
15/08/2016 | 07:02
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Roberto Castro/ Brasil2016


A ginástica masculina brasileira viveu tarde de redenção ontem na Olimpíada Rio-2016. Naquela que foi a primeira dobradinha do País em esportes individuais na história dos Jogos, o andreense Diego Hypólito e o campineiro Arthur Nory tiveram motivos de sobra para comemorar não só as medalhas de prata e bronze, respectivamente, conquistadas na final do solo, mas a volta por cima após polêmicas nas carreiras.

Diego Hypólito, que treina no ASA-São Bernardo e teve nota 15,533 na final, 0,100 menor que a do britânico Max Whitlock, ouro, se redimiu das participações em Pequim-2008 e Londres-2012, quando caiu durante as apresentações e não levou medalha. Para complicar, em julho teve seu então técnico Fernando Carvalho Lopes afastado das atividades na Seleção Brasileira por causa de acusações de abuso sexual.

Já Nory – bronze, com 15,433 – enfrentou acusação de racismo contra o companheiro de Seleção Angelo Assumpção em 2015.

Muito emocionado com o pódio na Arena Olímpica, Diego vibrou e explicou as razões da conquista. “Se consegui, foi pelo fato de muitas pessoas terem acreditado em mim. Nosso povo é muito carente de ídolos, de resultados e nós estamos vendo uma Olimpíada que está sendo grande esperança para muitas pessoas. Essa medalha não é só minha. É de vocês porque foram três Olimpíadas. Na primeira eu caí de bunda, quando tinha muita chance de ser campeão olímpico. Na segunda caí literalmente de cara e nessa caí de pé e quando era muito pior. Nunca deixe que digam até onde vai seu sonho”, disse.

Hypólito ainda se animou com Tóquio-2020. “Não sei explicar, não estou acreditando que ganhei essa medalha. É inacreditável. É um sonho realizado. Vou treinar até Tóquio. Era tão pior aqui e consegui ser prata. Consegui o que mais queria, que era essa medalha olímpica. Agora é só agradecer a Deus e pessoas que fizeram parte. Chegou o dia. Não dá para acreditar”, encerrou. (com Agências)

Irmã, Daniele cai no choro durante transmissão de TV

Não foi só Diego Hypólito quem se emocionou com a prata no solo. Sua irmã, a também ginasta Daniele Hypólito, fez participação especial na transmissão da prova pela Rede Globo e não conteve as lágrimas, antes mesmo da definição dos vencedores.

“Somos muito ligados. Uma medalha para ele é uma medalha para mim”, afirmou ela, ao ressaltar que o irmão deve ir a Tóquio em 2020 (Olimpíada) e que a medalha premiou um ano difícil. “Aconteça o que acontecer, ele já tinha se programado para ir a Tóquio. Vamos ver o que passa na cabeça dele depois disso. Este ano foi bem complicado. As pessoas não estavam acreditando. Ele seguiu e hoje (ontem) está comemorando anos e anos de batalha.”

PAIS CORUJAS

A família Hypólito estava em peso no Rio acompanhando o triunfo de Diego. Geni e Vágner Hypólito puderam, enfim, comemorar a primeira medalha olímpica do filho. “Depois de tanta luta, tanto sofrimento... Foi muito gratificante”, disse Geni, ao site UOL Esporte.

Já Vágner contou que seu rebento estava confiante. “Estou muito emocionado. Uma prata... Foi jornada dura, mas deu tudo certo. Ele estava muito confiante, disse que ia ao pódio”, encerrou. (com Agências)


Também me sinto responsável, afirma técnico afastado de Hypólito

Afastado das funções por suspeita de abuso sexual, o ex-técnico de Diego Hypólito (entre 2014 e julho de 2016), Fernando Carvalho Lopes, afirmou em entrevista ao site UOL Esporte que também se sente responsável pela conquista do ginasta.

“Me sinto responsável e merecedor, assim como todos que trabalharam com o Diego ao longo de todos estes anos de carreira. Fico feliz, pois é um batalhador, que nunca desistiu e por tudo que ele representa para a ginástica. Assisti à prova e torci. Espero que isso repercuta de maneira muito positiva para a ginástica. Sempre acreditei nele e que deveria fazer parte desta Seleção”, disse Lopes.

Já o atual técnico de Diego e também de Arthur Zanetti, Marcos Goto, concordou que Lopes tem sua contribuição. “Ele é responsável por 80% do trabalho. O Fernando tem a maior parte da medalha. O que aconteceu (afastamento por suspeita de abuso) mexeu com o Diego. Mexe com qualquer um. Mas ele soube entender. Conversamos. O Fernando deixou trabalho na minha mão e agradeço a ele”, afirmou.

Lopes ainda afirmou não ter tido mais contato com Hypólito e que está “muito tranquilo, retomando a minha vida aos poucos”. (com Agências)

Vim para ser protagonista, diz Nory, já acusado de racismo

Arthur Nory comemorou bastante a medalha de bronze. “Venho batendo na trave, sempre em quarto. Hoje (ontem) disse que não ia para o quarto lugar. Venho para ser protagonista, não só para passar de fase. Fui para o tudo e deu certo”, disse o campineiro, terceiro sargento da Força Aérea Brasileira.

O técnico do medalhista minimizou o caso de racismo pelo qual Nory ficou marcado em 2015 com o companheiro de Seleção, Angelo Assumpção. Na ocasião, o medalhista fez a seguinte piada. “Seu celular quebrou: a tela quando funciona é branca... quando ele estraga é de que cor?”, dizia no registro. “Isso ficou no passado”, disse Carlos Albino. (com Agências)




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