Não se fala em outro assunto nas rodas de conversas em Mauá nas últimas semanas que não seja o inexplicável superfaturamento no preço do quilo da almôndega, pago pela Prefeitura. Desde o dia 15, quando o Diário revelou o caso, a popopulação tem acesso a um dos maiores escândalos no Grande ABC do atual mandato municipal.

Conforme mostram os próprios documentos da administração disponíveis no Portal da Transparência, o Executivo passou a pagar quase 100% a mais no valor do quilo do produto em uma diferença de apenas sete meses entre os pregões. Desde então, a administração não consegue esclarecer com segurança quais foram as reais razões para adquirir a almôndega pelo dobro do preço. A população resolveu cobrar esclarecimentos das autoridades e, mais do que isso, uma investigação rigorosa. Tanto é que nas duas últimas semanas o que se viu nas sessões da Câmara foi um grupo de moradores decidido a protestar, decidido a cobrar providências. Acuados, os vereadores chegaram a pensar em criar a CPI da Almôndega, mas acabaram decidindo por um requerimento de informações à administração municipal.

O fato é que ainda há muito o que se esclarecer nessa história. Existem inúmeros pontos obscuros nesse caso, que já pode ser considerado emblemático. Ainda assim, será difícil para o governo encontrar motivos desse acinte. É um típico episódio que cabe ampla investigação dos órgãos de controle.

E, ainda, como se não bastasse a falta de argumentos para esclarecer ao contribuinte de Mauá, o prefeito Donisete Braga (PT) parece não se dar conta da crise que se instalou em seu governo e decidiu deixar o posto para cuidar da campanha pela reeleição. A decisão, apesar de totalmente questionável, está amparada pela lei. O petista se afastará do cargo a partir de amanhã, mesmo com o start oficial da eleição ser apenas na terça-feira. Difícil de entender o motivo de tanta pressa.

O que fica é que Donisete Braga se licencia da Prefeitura sem fazer um único esclarecimento público. Como se não tivesse absolutamente nada a ver com isso. Inacreditável.