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Desempregados com o Ensino
Superior completo são minoria
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
08/03/2011 | 07:30
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Quem tem a possibilidade de concluir um curso superior garante maior chance de ingresso no mercado de trabalho no Grande ABC. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Inpes/USCS (Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano).

A taxa de desemprego entre os graduados, na região, era de 6,4% em agosto de 2010. Entre o grupo com apenas Ensino Médio completo, a taxa quase dobrava, para 13%. No universo que concluiu somente o Ensino Fundamental, o percentual era de 9,5%. E se esse nível não era completo, a taxa ficou em 9,6%.

O coordenador do Inpes/USCS, Leandro Prearo, explica que o grupo de graduados é bem menor do que os demais. "E isso tem reflexo na taxa de desemprego". Porém, ele diz que, proporcionalmente, é possível afirmar que quem completou uma faculdade tem mais oportunidades no mercado de trabalho.

A nutricionista andreense Cristina Hayashida é exemplo de que o desemprego atinge menos quem tem graduação. Ela completou o curso em dezembro e conquistou o segundo emprego de lá para cá. "Logo que me formei fui contratada para trabalhar em um buffet, como nutricionista autônoma", conta a recém formada.

Mas essa ainda não era a vaga que Cristina almejava, então ela continuou procurando emprego. Pouco tempo depois, ela conseguiu o que queria. "Agora estou contratada em regime de CLT (carteira assinada), como nutricionista de um restaurante". No entanto, a mudança em pequeno espaço de tempo exigiu investimento: ela pagava cadastro em empresa de empregos e seleções.

O professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio explicou que o mercado de trabalho da região está em transformação, principalmente pela complexidade do setor industrial. "Enquanto antes a demanda era por pintores, ou por quem apertasse porcas, hoje são necessários especialistas que saibam programar e fazer vários cálculos."

PESQUISA - A pesquisa do Inpes/USCS considerou desempregadas todas as pessoas, maiores de 18 anos, que procuravam emprego na época. "Quem não está em busca de uma vaga é considerado desocupado, e não entra no grupo", destaca Prearo.

O estudo considera, aproximadamente, 74% da população do Grande ABC, o equivalente a 1,9 milhões de pessoas. Quem tem o Ensino Superior completo representa 15,5% deste montante, ou seja, a menor fatia.

Moradores com Ensino Fundamental incompleto representam 29,8% dos moradores maiores de 18 anos. E com o Fundamental completo, geram fatia de 15,6%.

Por outro lado, a maior concentração da população com mais de 18 anos nas sete cidades está representada por pessoas com o Ensino Médio completo. São 39,1% de todo o universo da pesquisa.

ESTÁGIO - Maskio destacou que o estágio também é fator determinante para a aceitação no mercado de trabalho. Para o advogado andreense Pedro Henrique Novellis, a experiência foi o pontapé inicial para sua carreira. Ele completou o curso de direito em dezembro e foi contratado pela seguradora onde estagiava.

"Fui promovido enquanto estudava, mas como analista. Agora que me formei e passei na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), terei outra promoção para atuar como advogado", conta Novellis. Ele conta que alguns de seus amigos não tiveram a oportunidade de fazer estágio e estão enfrentando dificuldades para entrar no mercado.

MÁ FÉ - Maskio critica a prática de algumas companhias. "O estágio é muito interessante para os universitários. Mas é ruim quando o empregador utiliza este recurso como mão de obra barata."

Salário é 114% maior para trabalhador formado

O salário médio dos profissionais que concluíram o Ensino Superior no Grande ABC é 114% maior do que aqueles que têm apenas o Ensino Médio.

Conforme pesquisa do Inpes/USCS, o salário médio dos graduados é de R$ 2.923,84. Enquanto isso, o segundo grau completo garante, em média, R$ 1.366,14.

A disparidade aumenta quando a comparação é feita com os trabalhadores com apenas o Ensino Fundamental completo. A diferença é de 170%, tendo em vista que a remuneração mensal média desse grupo é de R$ 1.080,63.

"A demanda por funcionários mais qualificados é maior hoje", afirma o professor de economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio.

O coordenador do Inpes/USCS, Leandro Prearo, destaca que, muitas vezes, o nível de escolaridade não define a renda dos trabalhadores. "As empresas levam em consideração o tempo de experiência do candidato na função."




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