Setecidades Titulo Carnaval 2012
Eldorado e Estopim da Fiel despontam
Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
21/02/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Os 100 minutos somados de desfile da Estopim da Fiel e Eldorado Estação do Samba devem decidir o título do Grupo 1 de Diadema. Grande número de componentes, capricho, presença maciça de torcida na arquibancada e samba cantado durante todo o desfile foram alguns dos diferenciais apresentados pelas agremiações.

Segunda escola a entrar na passarela, a Estopim mostrou a história do ex-atacante Ronaldo. O Fenômeno não apareceu. Preferiu curtir o camarote do trio elétrico de Gilberto Gil em Salvador (BA).

O ídolo perdeu justa homenagem. Todos os aspectos de sua vida foram lembrados, da infância aos títulos no futebol mundial. Terminando, claro, com o encerramento da carreira no Corinthians. O presidente Rogério Maldonado, o Bambu, resolveu até imitar o ‘corte Cascão' usado pelo jogador no pentacampeonato mundial do Brasil na Copa de 2002. Quando o assunto é o favoritismo, no entanto, ele desconversa. "Terminamos nosso trabalho em cima da hora. Somos igual ao Ronaldo, sempre superando as dificuldades."

Diferente das outras, a Estopim conta com patrocinador. E corintianos não faltam para a torcida. O hino do Timão foi cantado em coro antes do desfile, assim como o grito de guerra da torcida.

Atual campeã, a Eldorado mostrou que a disputa será acirrada pelo troféu. Com enredo tratando de São Jorge, curiosamente dedicado ao Corinthians, dividiu as atenções e contou até com torcedores rivais ao distribuir a letra do samba.

"Corinthians é Corinthians, mas temos comunidade. É ela quem nos dá força", disse o presidente Edimilson Pereira dos Santos. "Mas cumprimos o objetivo de mostrar um bom Carnaval." Os gritos de bicampeã ecoavam nas arquibancadas. "Fiz meu trabalho e é muito importante ter esse reconhecimento do público. Mas quem decide são os jurados", minimizou a carnavalesca Sônia Ciriano, que pode faturar seu sexto título na cidade.

Quem corre por fora é a Unidos da Vila. Antes, o discurso era de apenas "cumprir tabela". Mas a empolgação com a apresentação do enredo sobre a banana foi grande. Boas alegorias, samba fácil, que foi cantado pelo público, e o último carro que homenageou a cantora Carmem Miranda, chamaram a atenção. "Temos convicção de que pelo menos o terceiro lugar já é nosso", disse o coordenador de Carnaval João Farinha.

Vice-campeã no ano passado, a Unidos de Vila Alice fechou a noite em alta ao cantar sobre as quatro estações. "Ficou melhor do que esperava", destacou a presidente Valéria Ventura. Ficou mesmo. Tanto que muita gente que estava indo embora decidiu voltar, atraída principalmente pela boa comissão de frente formada pelo grupo de dança Tom Corbone.

Raposa e Vila Nogueira correm perto do rebaixamento

Se Estopim e Eldorado fizeram campeonato à parte, a briga para escapar do rebaixamento não deve ser árdua. Problemas técnicos e dificuldades deixaram a Raposa do Campanário e a Unidos de Vila Nogueira em situação delicada.

Primeira a desfilar, a Raposa demorou uma hora além do previsto para entrar. O motivo do atraso não foi revelado, mas sequer os jurados estavam presentes. Segundo a Liesda (Liga Independente das Escolas de Samba de Diadema), foi comum acordo os desfiles começarem mais tarde.

Pelo jeito, os integrantes da Raposa já sabiam. Cerca de 40 minutos além do horário de início, apenas comissão de frente e bateria estavam presentes. Cantando sobre o vinho, a agremiação enfrentou problemas com a falta de passistas. O público, irritado pelo atraso, recebeu a escola friamente.

Na Vila Nogueira, um problema na direção fez o último dos quatro carros da escola, que simbolizava o verão, ser descartado. Somado à falta de integrantes, o clima ficou tenso. O desfile sobre as quatro estações não foi ruim, principalmente a comissão de frente inovadora, com a presença de bailarinos clássicos, mas o presidente Edson Leite não se mostrava empolgado. "Não sei explicar o que aconteceu. O pessoal foi confiante, mas com vários problemas não dá", justificou.

Venda de bebidas faz a folia de muitos

A festa familiar propagada pelo prefeito Mário Reali (PT) se fez presente. Mas só na arquibancada. Cerca de 15 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, foram conferir o desfile do Grupo 1.

Mas a festa ficou em segundo plano. A maioria ficou de fora do sambódromo e preferiu se esbaldar em cerveja e drinks nas barracas montadas nas cercanias.

Era, claramente, a chance oficial de burlar a Lei Seca imposta na cidade há dez anos e que proíbe a venda de bebidas alcoólicas após as 23h.

"Com o goró liberado, a gente tem que aproveitar", disse o office-boy Douglas Silva, 19 anos. "Não conheço nenhuma escola e nem ligo. Vim para beber e arranjar mulher mesmo."

Quem comemorou foram os comerciantes. Todos eram da cidade e festejaram a oportunidade de vender quase que todo o estoque. Churrasquinho em espeto e cerveja em lata eram as principais opções.

Porém, a atuação da Guarda Civil Municipal foi rígida. Terminada a festa por volta das 4h30, todos os vendedores foram obrigados a encerrar as atividades sob ameaças de cassetetes e cães. Nem mesmo água e refrigerante podiam vender. "Tenho filha pequena, que está com sede e nem deixaram vender um refrigerante para ela. Prestigiamos todos os desfiles e eles correspondem desse jeito. É injusto", disse o vendedor Lucas Moura, 29.

Mesmo com a venda de bebidas, nenhuma ocorrência foi registrada pela Polícia Militar. Nem mesmo o consumo de drogas foi notificado.




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