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Evento comemora os cem anos de pesquisa sobre sonhos
Do Diário do Grande ABC
30/04/1999 | 14:43
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Há cem anos, Sigmund Freud terminava de escrever "A Interpretaçao dos Sonhos", uma de suas obras fundamentais que desvenda a importância do sonho como forma de atingir o inconsciente. Para comemorar essa data e fazer um balanço sobre a análise das manifestaçoes oníricas no fim deste século, o Centro de Estudos em Semiótica e Psicanálise da PUC/SP - com o apoio do Instituto Goethe e do Museu de Imagem e do Som (MIS) - está organizando o evento "A Ciência dos Sonhos", que terá início no dia 19.

"Nosso objetivo é claro: queremos que essa discussao ultrapasse os muros da universidade", explica a curadora do evento, Fani Hisgail. Daí a idéia de combinar espetáculo musical ciclo de filmes e palestras teóricas. A mostra de filmes, que reúne obras do cinema nacional e internacional que lidam com esse universo misterioso dos sonhos - como "Um Cao Andaluz", de Luis Buñuel, e "Utero", de Cristiano Metri - começa no dia 19, no MIS.

Apenas no dia 24 terao início as atividades acadêmicas. Além de seis conferências, proferidas por especialistas de várias áreas, como Georg Christoph Tholen, filósofo da Universidade de Kassel na Alemanha que falará sobre "O Trabalho do Sonho: Deslocamento e Condensaçao"; o Inconsciente depois de Freud e Lacan, foram organizadas uma série de mesas-redondas nas quais serao discutidas as relaçoes entre o sonho e várias áreas da cultura, como a música e a publicidade.

A neurociência, que vem conquistando um espaço enorme graças à agressividade dos laboratórios e à promessa do fim imediato da angústia graças à ingestao de um comprimido, é outro tema de grande interesse. "Cérebro nao é sinônimo de psíquico" diz Fani, lembrando que muitas vezes a droga bloqueia o processo onírico ou provoca pesadelos com os quais é difícil lidar.

A idéia é ampliar a círculo da discussao. Entre os interventores das mesas-redondas estao desde profissionais destacados da área, como o psicanalista Renato Mezan, até personalidades curiosas, como o astrólogo Oscar Quiroga. "Ele falará sobre questoes metafísicas, como a telepatia, que também despertou o interesse de Freud", explica a curadora. "Da mesma forma participarao de um rabino e um doutor em história bíblica", acrescenta.

Outra meta do encontro é mostrar ao público leigo que saber interpretar seus sonhos é uma forma de autoconhecimento. Mas sempre com muito cuidado, evitando as abordagens oraculares (do sonho como sinal divino) ou a leitura reducionista dos almanaques. O evento segue um enfoque mais lacaniano e tem como fio condutor a semiótica psicanalítica - uma tentativa de aproximar a psicanálise de todas as áreas de cultura. "Quando você sofistica o estudo da linguagem você dá novo significado e enriquece o trabalho de Freud", conclui Fani.




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