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Derrota para Holanda evidencia os principais erros do Brasil
Da AFP
03/07/2010 | 10:53
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Apesar do discurso de confiança absoluta do técnico Dunga nos 23 jogadores convocados para a Copa do Mundo e as garantias de que os atletas estavam tranquilos e conscientes do que representa um Mundial, a derrota de 2-1 para a Holanda nas quartas de final deixou claro alguns problemas da equipe.

Do regime ultrafechado adotado por Dunga na concentração, passando pela falta de jogadores criativos e da presença de atletas que disputaram a Copa sem condições físicas plenas, até o nervosismo da equipe e a relação conturbada com a imprensa, muitos fatores podem ser apontados como parte da culpa da eliminação prematura do Brasil.

O técnico da seleção ressaltou durante toda a preparação para a Copa, iniciada em 21 de maio em Curitiba, o comprometimento dos jogadores com a seleção e já na África do Sul destacou a maturidade do grupo.

Mas o segundo tempo do jogo contra a Holanda evidenciou o nervosismo dos brasileiros após o gol contra de Felipe Melo, que empatou a partida. Robinho passou a discutir com o árbitro japonês Yuichi Nishimura e com os adversários, Luís Fabiano sumiu do jogo e o desespero tomou conta de todo o time.

Felipe Melo representa um capítulo à parte, já que era considerado o homem de confiança de Dunga no meio. Recuperado de uma torção no tornozelo esquerdo, o volante foi confirmado na partida apenas algumas horas antes do início do jogo, e teve grande atuação no primeiro tempo, dando passe perfeito para o gol de Robinho, mas no segundo tempo foi o grande vilão da eliminação: fez um gol contra e foi expulso três minutos após o gol da virada holandesa, marcado por Sneijder, ao fazer uma falta em Robben e depois chutar o adversário ainda no chão.

Outro problema de Dunga foi o banco de reservas. Como convocou volantes em excesso, na partida de sexta-feira, disputada em Port Elizabeth, mesmo com o Brasil atrás no placar, ele não fez as três substituições possíveis. Trocou Michel Bastos por Gilberto, por temer uma expulsão do lateral titular, e Luís Fabiano por Nilmar.

A atitude representa uma contradição ao discurso de que confiava em todos os jogadores presentes na África do Sul.

Outra coisa que também ficou evidente na derrota para a Holanda foi que a aposta em jogadores que se recuperaram de lesões nos últimos meses não deu certo: Kaká, que teve dores no púbis e uma lesão muscular no fim da temporada europeia pelo Real Madrid, admitiu que jogou a Copa longe das condições ideais; Luís Fabiano também não rendeu o esperado.

A até então badalada defesa do Brasil, principalmente o goleiro Julio Cesar e os zagueiros Lúcio e Juan, considerada por muitos a melhor do mundo, também sucumbiu na Copa: sofreu gols nos últimos minutos contra a Coreia do Norte (2-1) e a Costa do Marfim (3-1) por absoluta desatenção.

Contra a Holanda a atuação fraca na etapa final foi comprometedora: o camisa 1 falhou no gol contra de Felipe Melo ao sair muito mal da meta e a zaga ficou apenas olhando o baixinho Sneijder cabecear sozinho para fazer o segundo gol holandês.

Para completar, o regime fechado e de isolamento, quase militar, adotado por Dunga acabou se mostrando ineficiente para garantir o título. Aparentemente, a comissão técnica e os jogadores acreditaram que apenas a convicção da vitória e o discurso do grupo fechado e comprometido seria o suficiente para garantir o hexa.

As alfinetadas do técnico contra a imprensa, que teve acesso restrito aos treinos e aos atletas, também não forneceram um estímulo extra à equipe, como supostamente imaginava Dunga.

Agora, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deve escolher um novo técnico e pensar em uma nova linha de trabalho para 2014, quando o Brasil será o anfitrião da Copa e o país tentará conquistar o tão sonhado hexa, mas com uma pressão ainda maior.


titulares da Holanda descansam e os reservas treinam

O técnico da Holanda, Bert van Marwijk, dirigiu neste sábado, em Johannesburgo, um treinamento com os jogadores que não participaram na partida contra o Brasil pelas quartas de final do Mundial.

Os jogadores que participaram na partida em Port Elizabeth realizaram apenas alguns exercícios de 'fitness' na academia de seu hotel, no bairro de Sandton.

Apenas o goleiro titular, Maarten Stekelenburg, treinou com os reservas no campo da la Universidade de Wits.

Joris Mathijsen, contundido no joelho direito e que não jogou na vitória de 2 a 1 sobre o Brasil, não participou de qualquer atividade física neste sábado.




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