Setecidades Titulo
Moradores de Mauá temem nova favela
Célia Maria Pernica
Do Diário do Grande ABC
31/03/2008 | 07:36
Compartilhar notícia


Os moradores do Jardim Olinda, em Mauá, estão incomodados com o acampamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) montado próximo à Avenida João Carlos de Azevedo. A preocupação é que os invasores transformem o local em uma nova favela. A cada dia, o número de famílias instaladas na área aumenta. Domingo, eram 600.

“A noite passada foi uma bagunça. Barulho, gritaria e aplausos, sem falar na sujeira”, dizem os moradores, que preferem não se identificar com medo de represália.

A liderança da invasão, iniciada na noite de sexta-feira, garante que a intenção é permanecer no local. “Não sabemos quem são essas pessoas nem de onde vieram. Acabou o nosso sossego. Estamos com medo de ficar na rua durante a noite”, afirma uma vizinha que está pensando em vender sua casa se o acampamento permanecer. “O imóvel será desvalorizado. Ninguém quer morar perto de uma favela.”

A ocupação da área foi feita com 150 famílias do MTST. Simultaneamente, o movimento invadiu terrenos em mais duas cidades do Estado: Embu e Campinas. Os moradores de Mauá afirmam que muitas pessoas do bairro que têm casas próprias estão aproveitando a situação e montando barracos no acampamento.

“A chuva dificultou nossa noite. Perdemos cobertores e algumas barracas caíram, mas já estamos reestruturando tudo. Temos água e comida para todos”, afirma o coordenador do invasão, João Batista.

“Existe uma organização para receber as famílias e verificar a necessidade de cada uma”, diz. Para conseguir cadastro, não se pode ter moradia própria. Os interessados devem, ainda, se comprometer em não vender o terreno adquirido e participar das ações do movimento.

O coordenador do acampamento garante que cerca de 300 ocupantes farão manifestação na Câmara nesta terça-feira para discutir a legislação e buscar apoio de vereadores.

O presidente da Câmara, vereador Alberto ‘Betão’ Pereira Justino, não quis se pronunciar sobre o assunto antes de conversar com o grupo, mas garante que o MTST será recebido. “Iremos conhecer o problema e tentar uma solução.”

João Batista garante ter conseguido muitas moradias para o movimento por meio de ocupações. “Quando acampamos é para conquistar um terreno e não para fazer bagunça. Somos sérios e vamos resistir até o fim.” Os integrantes já planejam construir barracos de madeira e tijolos.

Domingo, a estrutura do acampamento já contava com uma cozinha comunitária. Os trabalhadores têm conseguido água e alimentos com moradores e instituições da cidade, que seriam solidárias à causa.

MST - Cerca de 80 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) invadiram domingo uma fazenda em Flora Rica, no Interior. Em Pernambuco, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar ocupou outras seis fazendas, com mais de 600 famílias participantes.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;