Um líder socialista francês provocou uma onda de críticas nesta quinta-feira ao declarar que lamentava que na seleção nacional de futebol tivesse "nove jogadores negros entre onze", um comentário que condenado "firmemente" pelo primeiro-secretário do partido Socialista, François Hollande.

Georges Freche, presidente do departamento Languedoc Roussillon (sul) e polemista confesso, declarou literalmente: "na seleção (francesa) há nove negros de um total de onze jogadores. O normal seria que tivesse três ou quatro porque refletiria nossa sociedade. De todas as maneiras, se há tantos negros é porque os brancos são umas nulidades".

"Sinto vergonha por este país. Logo a seleção terá onze negros", acrescentou o socialista em declarações ao jornal Le Midi Libre.

Segundo Hollande, estes comentários são inaceitáveis e exigem um pedido de desculpa imediata de Freche. As afirmações do líder socialista provocaram inclusive uma reação do presidente francês, Jacques Chirac, que expressou sua mais "firme repulsa" em um comunicado oficial.

Suas declarações foram feitas no mesmo dia das votações internas do partido Socialista para eleger seu candidato às eleições presidenciais de 2007.

"São declarações racistas. Os gols da seleção são ganhos de toda França, enquanto que as declarações de Georges Freche fazem com que toda República perca", asseguraram os porta-vozes do Movimento das Juventudes Socialistas.

Em fevereiro passado, Freche provocou outra onda de indignação, quando chamou de "seres inferiores" os argelinos que lutaram ao lado dos franceses na guerra naquele país norte-africano e depois foram viver na França.

Nessa ocasião, o Partido Socialista o suspendeu de todas as atividades partidárias por dois anos.