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Schmidt descumpre acordo judicial
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
28/09/2010 | 07:19
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Além de atrasar salários dos 430 funcionários da fábrica de Mauá há cerca de dois meses, a Porcelana Schmidt também não tem conseguido honrar acordos fechados em juízo. Ex-trabalhadores da empresa alegam que as propostas fechadas há pouco mais de um mês seguem sem prazo para serem acertadas. Cerca de 50 funcionários aguardam depósitos de FGTS, multa rescisória e férias.

Uma funcionária, que prefere não se identificar, relata que protocolou ação judicial contra a companhia. A ex-servidora participou de reunião com o juiz do trabalho no mês passado e ficou acertado o prazo de recebimento para o dia 6. No entanto, 22 dias após o vencimento do prazo, o valor não foi depositado e não há informações sobre o depósito.

"Trabalhei três anos e onze meses e sai de lá em maio. Minha audiência aconteceu em agosto e fui representada pelo advogado do sindicato. Desde o começo do mês estou esperando resposta sobre quando vão depositar e o sindicato só diz que é preciso ter calma, porque houve troca de diretoria agora e isso está sendo estudado", afirma.

A também ex-funcionária da empresa, Elisangela Rodrigues Silva, espera, inquieta, a resolução do impasse. Elisangela deixou o trabalho de dez anos há pouco mais de dois meses, quando a Schmidt começou a atrasar o pagamento dos salários. "Fui no sindicato e eles sugerem a contratação de um advogado particular porque a empresa está em recuperação judicial. Tenho amigos que tiveram audiência no dia 17 de agosto e os acordos fechados em juízo não foram cumpridos. Isso assusta."

NEGOCIAÇÃO
O presidente Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Porcelana de Mauá, Santo André, São Caetano e Ribeirão Pires, Antonio Fortunato, confirma o número de profissionais que já foram desligados da empresa e aguardam o pagamento. Segundo o representante, a entidade deve agendar hoje encontro com a diretoria da companhia para colocar fim ao problema.

"Eles não cumpriram ainda. O sindicato terá reunião com as empresas para saber qual a proposta em relação a essas pessoas. Estamos tentando agendar reunião para amanhã (hoje) para saber quando começarão a cumprir esses acordos", revela.

Procurada, a Schmidt preferiu não se manifestar sobre a situação.

 
Funcionários receberam só R$ 400 neste mês

Após quase um mês de paralisação, os funcionários da Porcelana Schmidt voltaram ao trabalho há duas semanas com promessa de que os salários atrasados seriam depositados até o fim deste mês. No entanto, os trabalhadores receberam apenas R$ 400 no sábado e aguardam o restante apenas para o dia 2 de outubro.

"A empresa fez o acordo e todos os funcionários aceitaram e retomaram as funções. Acreditamos que isso será cumprido no tempo programado", ressalta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Porcelana de Mauá, Santo André, São Caetano e Ribeirão Pires, Antonio Fortunato. A decisão de voltar ao trabalho aconteceu após reunião com o novo presidente da empresa, Nelson Luiz Vieira de Moraes Lar.

PROBLEMAS
Os 430 trabalhadores da fábrica ficaram cerca de dois meses sem receber salários ou benefícios, como vale-transporte e refeição, e ainda aguardam o pagamento total dos valores. Essa não foi a primeira vez que a empresa atrasou pagamentos. Em fevereiro o vencimento do mês precisou ser dividido em três parcelas para ser quitado.

A Schmidt assumiu no fim do primeiro trimestre que passava dificuldades financeiras e que não conseguia honrar os salários em dia desde o fim do ano passado. As dívidas trabalhistas, das três unidades da empresa no País, giram em torno de R$ 1 milhão.

Os funcionários de Mauá trabalham com a área de estampas das peças. Também estão concentradas na unidade a o setor administrativo da empresa e o de exportação. Os produtos são fabricados em Campo Largo e Pomerode, em Santa Catarina. (Paula Cabrera)




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