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Piscininhas de Curitiba podem livrar região das cheias de verão
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/12/2006 | 21:04
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Na década de 1970, a capital do Paraná, Curitiba, sofreu as últimas grandes enchentes. Desde então, começou-se a investir em obras contra cheias. Nada de piscinões, como em São Paulo. A água das chuvas foi direcionada a pequenos tanques localizados no subsolo até chegar ao lençol freático. Essa seria uma opção para que as cidades da região se livrassem das sucessivas enchentes ocorridas nos corredores de sempre, próximos aos rios.

A diferença de Curitiba para a nossa realidade é que naquela cidade as margens da maioria dos rios são divisas de parques. “É um projeto que começamos a desenvolver nos anos 70”, explica o arquiteto Luiz Hayacawa, da Secretaria de Meio Ambiente daquela cidade. “Além do solo, há lagos (nos parques), que também servem para acumular água e impedir a saída para a cidade”, diz Hayacawa.

A construção de parques ao redor dos rios e riachos evitou, ainda, a ocupação populacional irregular – o que brecou o aumento do depósito de lixo nas águas.

Como seria impossível construir parques em áreas já ocupadas, o arquiteto Pedro Paulo Copeinski propõe uma opção para o Grande ABC. Ele garante que se a cada 100 m² de solo impermeabilizado houvesse uma piscinhinha de 1 m² não haveria enchente em lugar algum. Pelo seu projeto, a água da chuva fica acumulada no reservatório e depois é encaminhada para uma broca, instalada de forma aterrada no fundo do equipamento. A broca é composta de materiais drenantes e com capacidades de filtração, fazendo com que a água seja direcionada novamente para o solo. Assim, o reservatório na superfície não transborda nunca (veja arte abaixo). “A capacidade de absorção de água do solo é impressionante”, diz o arquiteto que trabalhou durante 30 anos na Prefeitura de São Bernardo.

Essa solução poderia ser associada a bloqueios em bocas-de-lobo e poços de visita nas ruas. “Hoje, praticamente pedimos para que ocorra enchente. Toda a cidade é impermeável e lançamos a água sempre para pontos concentrados, porque ela não tem para onde escorrer. É lógico que vai se acumular e transbordar”, decreta. Ele diz que a manutenção dos piscinões (que só em Diadema custa R$ 10 mil por unidade a cada limpeza) é outro ponto crítico. “Se chove por quatro dias sem parar, não dá para as equipes trabalharem. Por isso, eles vão acumulando sujeira, assoreando e perdendo a capacidade de acúmulo de água.”

O urbanista Gilson Lameira, autor de teses sobre as enchentes do Grande ABC, também critica a opção de São Paulo por piscinões e diz que o foco agora tem de ser nas piscininhas, reservatórios de menor porte interligados ao rio beneficiado pelo piscinão. Segundo ele, a ação conjunta dos dois equipamentos seria o mais indicado eficiente.



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