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Pneus ao relento apavoram Jardim Scaff
Evandro Enoshita
Diário do Grande ABC
12/01/2010 | 07:46
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Um depósito com centenas de pneus ao relento chama a atenção em frente a uma garagem no número 104 da Estrada da Servidão, no Jardim Scaff, em São Bernardo. Para a vizinhança, o local é um evidente criadouro do mosquito da dengue. E o medo da infestação não sai das cabeças dos moradores.

"Graças a Deus nem eu nem as minhas filhas tivemos dengue, mas estamos sempre apavoradas. Falamos para o dono dos pneus tirar aquilo de lá, mas ele nunca faz nada. Sempre tem caminhões descarregando (mais pneus) lá", afirmou uma dona de casa que preferiu não se identificar.

O dono dos pneus, que se identificou apenas como Antônio e tentou intimidar os denunciantes ontem durante a visita do Diário, contou que recicla os produtos.

"Conheço muito bem quem está reclamando dos meus pneus", disse. Segundo ele, boa parte do material é depositada no local sem autorização. "Eu falo para o pessoal das borracharias não trazer mais pneus, porque não tem mais espaço dentro do salão. Mas eles continuam trazendo."

Em relação a possível infestação de dengue, Antônio afirma não estar preocupado. "Esses pneus não ficam muito tempo largados. Três ou quatro vezes na semana passa o caminhão da empresa de reciclagem", contou. Porém, segundo Antônio, os pneus vistos ontem pela reportagem estão no local pelo menos desde a quinta-feira. "Vou mandar embora", garantiu ontem.

Segundo o diretor da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) na Grande São Paulo, Aguinaldo Nepomuceno Duarte, é importante que os vizinhos fiquem atentos ao prazo de armazenamento desses pneus. "O ciclo do mosquito Aedes aegypti varia conforme a quantidade de água e a temperatura. Nas condições atuais, de muita chuva e calor, o ciclo, que pode chegar a dez dias, se reduz para sete."

Procurada, a Prefeitura de São Bernardo informou que "a Secretaria de Serviços Urbanos fará uma vistoria no local" hoje, para analisar a possibilidade de retirada dos pneus.

PEIXES - Para evitar a proliferação de doenças como a dengue no lago que se formou dentro de um terreno abandonado na altura do número 900 da Rua Catequese, no bairro Jardim, em Santo André, a vizinhança resolveu inovar criando peixes no local.

Combate ao mosquito ocorre o ano inteiro

Cinco das sete cidades do Grande ABC afirmam manter programas de combate à dengue ao longo do ano.

Em São Caetano, uma equipe de oito agentes da Secretaria de Saúde é responsável por visitar os bairros e as áreas públicas do município em busca de focos do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.

Em Diadema, essas atribuições são dadas a um grupo de 480 pessoas, composto por agentes de vigilância sanitária do município e pessoas da comunidade, em um trabalho que inclui ainda ações educativas de conscientização.

Já em Ribeirão Pires, a fiscalização se concentra nos bairros e também em pontos estratégicos, como ferros-velhos e o Cemitério Municipal.

Cerca de 200 pessoas são responsáveis pelas ações contra a dengue em Santo André, em trabalho que inclui a mobilização de multirões contra a doença.

São Bernardo conta com 97 servidores do Centro de Controle de Zoonozes, entre agentes de controle, um médico veterinário, educadores e um técnico de laboratório. São desenvolvidas ações de orientação envolvendo líderes comunitários e conselheiros municipais de Saúde.

Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, em 2009, a região registrou 39 casos de contaminação por dengue. Em todos esses casos, a infecção teria ocorrido em outras cidades ou Estados.

Procuradas, Mauá e Rio Grande da Serra não se manifestaram até o fechamento desta edição.




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