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Alunos protestam contra a falta de professores
Henrique Munhos
Especial para o Diário
05/04/2011 | 07:14
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Alunos da Escola Estadual Emilia Crem dos Santos, no Parque das Américas, em Mauá, protestaram na manhã de ontem pela falta de professores. Revoltados com a situação, corriqueira, saíram da unidade e fizeram um ato na frente do colégio, que fica na Rua Samuel Wainer.

Um jovem queimou materiais escolares e uma cortina da escola. Além desse, não houve outros incidentes. No horário de entrada, havia somente dois professores na unidade. Com isso, quase todos os alunos tiveram de ficar no pátio.

Os jovens afirmaram que as aulas vagas acontecem todos os dias na escola Emília Crem dos Santos. "Diariamente, cerca de três salas ficam com aulas vagas por falta de professor", disse um aluno que preferiu não se identificar.

Segundo todos os alunos ouvidos pela equipe do Diário, o problema acontece por conta do comportamento da diretora Eliana Pereira de Oliveira. "Todos os professores bons foram embora, seja por vontade própria ou por terem sido despedidos por ela (a diretora)", disse outro estudante.

Com relação à falta de professores, a Secretaria Estadual de Educação informou, em nota, "que são esporádicas e quando ocorrem são ministradas por professores eventuais, e as aulas perdidas são devidamente repostas, conforme o calendário escolar".

Quem está à frente da reivindicação dos alunos é o professor André Sapanos, 24, que já foi aluno, inspetor e professor da escola. "Os professores não podem se manifestar. Muito menos os alunos. Eles até procuram a diretora para conversar, mas raramente ela vem à escola", disse o professor.

Outras queixas dos alunos, além do problema da falta de professores e do comportamento da diretora, são sobre as condições da escola. Segundo eles, a merenda é de má qualidade e as cadeiras, mesas, lousas e ventiladores estão em péssimo estado. Sobre isso, o Estado informou que novos equipamentos estão previstos para ser entregues até sexta-feira.

 

Professora e sindicato confirmam problemas de gestão

A coordenadora da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de Mauá, Rita de Cássia Cardoso, 50 anos, afirmou que já houve relatos sobre problemas de gestão na Escola Estadual Emilia Crem dos Santos. "A gente sabe que existe um problema naquela escola, e não é de hoje."

Rita declarou que a falta de docentes faz com que haja situações de vandalismo, como a ocorrida na manhã de ontem. "Os alunos vão à escola para estudar. Se não tem professor, e eles ainda ficam trancados no colégio, é claro que vai ocorrer alguma confusão", disse a coordenadora. Ela também ressaltou que há falta de professores em toda a rede.

Uma professora, que não quis ter o nome revelado, afirmou que apoia o movimento dos estudantes. "Demorou para que eles se mobilizassem. Estou há 20 anos aqui e nunca vi a escola tão deteriorada. Essa mulher (a diretora) vai acabar com a escola da comunidade."

A dona de casa Sueli Cândida Pereira, 31, assistiu o protesto dos alunos e disse que deseja ver seu filho longe da unidade. "Já tinham me avisado que essa escola era ruim. Mesmo assim não acreditei, até porque moro aqui do lado. Porém, quero tirar meu filho o quanto antes. Ele tem aula vaga todo dia", afirmou a mãe.

Sobre as acusações contra a diretora, a secretaria estadual informou que, "desde que a Diretoria de Ensino de Mauá recebeu o abaixo-assinado com o registro das reclamações, instaurou processo de apuração preliminar para averiguar a conduta da direção da unidade. Se houver irregularidades, os responsáveis serão punidos."




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