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Vizinhos do crack pedem segurança
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
29/03/2011 | 07:52
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A falta de segurança para os moradores que são obrigados a conviver com viciados em crack perto das suas residências é alta no Grande ABC. Mas as polícias Militar e Civil garantiram à equipe do Diário que fazem todos os esforços para combater o tráfico de drogas. O Diário mostrou na edição de ontem onde estão vários pontos de consumo de crack na região.

Segundo a Polícia Civil, com frequência são realizadas operações comandadas pela Dise (Divisão de Investigação sobre Entorpecentes)das seccionais de São de Bernardo e Santo André, que abrangem outras cidades da região, casos de São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. A corporação informou que realiza investigações e também trabalha com a ajuda da população, que costuma fazer denúncias anônimas. No último mês, policiais da Dise de Santo André apreenderam 600 quilos de drogas.

A auxiliar administrativa Kátia, 34 anos (pediu que o sobrenome não fosse publicado), que mora no bairro Ferrazópolis, em São Bernardo, questiona o trabalho das polícias. "Todos os dias eu passo em frente e vejo pessoas usando drogas e pulando para fora do terreno. A gente sente medo, mas não tem outro caminho. Nunca vi uma ação das polícias, todo mundo sabe o que acontece aqui e nada", reclama. Ela se referia ao terreno onde ficava a antiga fábrica da Brastemp. No local está prevista a construção de um shopping, mas ainda não há uma data para início das obras.

A Polícia Militar entende que o problema do crack envolve mais que a segurança e a coibição por parte dos soldados com usuários. "Sabemos que o crack é um problema de Saúde Pública, onde é preciso o envolvimento multidisciplinar para o resultado ser eficaz", avalia o capitão da Polícia Militar Sérgio Marques.

A equipe do Diário questionou a Polícia Militar sobre o por que de viaturas não pararem para abordar os usuários, já que o consumo é nítido em diversos pontos do Grande ABC. "Às vezes a visão do soldado não é a mesma. Ele não pode ter visto, mas se viu e não parou, ele errou. Mas temos que lembrar que existem chamados para outros tipos de ocorrência nas ruas. Mas pedimos que a população avise onde são esses locais, que nós vamos realizar operações", informa o capitão Marques.

A equipe do Diário presenciou a passagem de diversas viaturas nos pontos de consumo de crack, mas em nenhum momento as pessoas se incomodaram com a presença das autoridades.

Prefeituras atendem usuários em projetos paralelos 

Mesmo sem apresentar um plano de combate ao enfretamento ao crack ao Ministério da Saúde, as prefeituras de Santo André, São Caetano e Ribeirão Pires atendem os usuários em projetos paralelos a outras drogas.

Em Santo André, os viciados são tratados no Naps-AD (Núcleo de Atenção Psicossocial - Álcool e Outras Drogas). Atualmente, são 130 viciados em crack. Eles são encaminhados por alguma unidade de Saúde ou vão espontaneamente, levados por familiares.

No local participam de oficinas terapêuticas, passam por consultas com psicólogos e psiquiatras e existe a possibilidade de internação de curta duração, no máximo oito dias. No momento existem seis leitos, mas a previsão para 2011 é que ocorra uma ampliação.

O município também utiliza a política de redução de danos, com atendimento in loco. Os agentes de Saúde distribuem entre os usuários um kit (composto por mel, água de coco, água mineral, chocolate, protetor labial e preservativo). Essa é uma das formas de abordagem indicadas por especialistas e pelo governo federal.

Os viciados em crack representaram 14% dos atendimentos em 2010 pelas unidades de Saúde de São Caetano. Há dois polos de tratamento. O primeiro, para maiores, é realizado no Caps-AD; o outro, para menores, na Usca (Unidade de Saúde da Criança e do Adolescente).

Os jovens passam por terapia ocupacional, além de orientação para os pais e medicação específica e reinserção social. O período depende do caso. A administração municipal informou que em até dois meses aparecem resultados ótimos. Nos casos atendidos pelo Caps-AD, são realizados cerca de 50 atendimentos. Essas pessoas recebem alta apenas com um ano de abstinência.

De 2005 até hoje passaram pelo Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas de Ribeirão Pires 1.025 pacientes. Desse total, 48% são dependentes de maconha ou crack associados a outras drogas. O local funciona de segunda a sexta-feira. A Prefeitura oferece uma gama de profissionais, como psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.




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