Vera Zimmermann define sua carreira com um clichê: diz que é o destino. É com essa palavra que a atriz resume sua trajetória, desde que serviu de inspiração para Caetano Veloso na música Vera Gata, aos 17 anos. Completando mais de 25 anos de carreira, a atriz, que ainda é considerada musa pelos olhos azuis, cabelos louros e forma invejável, vive a perua Joelma, em Negócio da China. Mas ela garante que seguir esta profissão não fazia parte de seus planos. "Não nasci com o dom de atuar, mas com o dom de aprender", valoriza. Na trama de Miguel Falabella, Joelma é casada com Mauro, de Oscar Magrini, e mãe de Antonella, vivida por Fernanda de Freitas. A personagem é tão ambiciosa, que é capaz de tudo para conseguir o que deseja. "Gosto de interpretar personagens que fogem às minhas características", afirma.

Como está sendo viver Joelma e quem fez o convite para a novela?

VERA ZIMMERMAN - A Joelma é o tipo de papel que eu nunca tinha feito. A personagem é perua, interesseira, só pensa em dinheiro. É prática, objetiva e capaz de passar por cima de qualquer pessoa para conseguir o que almeja. No folhetim, ainda existe o lado divertido, que é a cara do Falabella. As cenas da Joelma não são sem importância. São cenas fortes, muito boas de se trabalhar. O convite foi feito pelo Roberto Talma. Ele já conhecia meu trabalho desde a novela O Profeta.

Sua personagem é traída e desconfia muito das viagens do marido. Você acha que ela não procura investigar para não perder a vida boa?

VERA - A minha personagem não quer procurar essa encrenca, não. Sabe aquele ditado, ‘o que os olhos não vêem o coração não sente?'. É um pouco disso. Eu ainda estou descobrindo o papel. Se a personagem souber que o marido tem uma amante, isso vai atrapalhar os planos dela. Peguei uma personagem muito inteligente, que não tenta achar pêlo em ovo para perder a vida boa que leva.

Onde você buscou referências para viver a Joelma?

VERA - Isso a gente vê no dia-a-dia da própria TV. O Falabella me disse que eu viveria uma perua que acorda maquiada. Como moro em São Paulo, vejo muito isso. Você sai e as mulheres estão arrumadas. Algumas têm uma necessidade de consumo inacreditável. Gosto de personagens que se distanciam da minha pessoa. A gente consegue pegar outras maneiras de agir, sentar, comunicar. No meu último papel vivi uma professora e, na época de escola, por exemplo, odiava estudar. Esse é o legal de interpretar.

Sua última personagem na TV foi a Marta de Dance Dance Dance, da Band. Como você avalia essa passagem pela emissora e a volta para a Globo?

VERA - Foi maravilhoso trabalhar na Band. A gente sempre torce para que o núcleo da teledramaturgia só cresça. A Band está indo muito bem, com uma qualidade impecável. Nós, atores, precisamos agarrar oportunidades, seja em qual for a emissora. Gosto muito de trabalhar na Globo. Aqui são 30 anos de história. Mas nada me impede, caso meu contrato esteja livre, de ir para outro lugar. O importante para o ator é estar sempre produzindo, criando. Conquistar e manter seu espaço é difícil nessa profissão.

Por causa dessa dificuldade você já pensou em desistir de tudo?

VERA - Sempre foi muito difícil. Sou o tipo de atriz que nunca teve tudo na mão. Tem o lado bom e o ruim. O lado bom é que você está sempre se esforçando para melhorar e abraçar esse mercado. O lado ruim é que cansa e dá insegurança. As coisas nunca caíram de mão beijada para mim. Estou em um momento bom da minha vida, mas já tive fases bem complicadas. Não posso dizer que eu quase desisti e nem que não pensei. Mas acontece com todo mundo em todas as profissões. Aos poucos, isso acaba, quando a gente começa a adquirir uma bagagem grande e vai amadurecendo.