Estudantes da rede estadual de São Bernardo estão sem transporte escolar gratuito devido a problemas com a licitação para o serviço. Entre os mais prejudicados estão aqueles que residem em áreas afastadas e carentes do município, que são obrigados a caminhar distâncias entre 2 e 3,6 quilômetros, o equivalente a até 40 minutos, ou até faltar na aula. A expectativa é de que a situação só seja normalizada a partir do dia 1º de agosto.

Os alunos retornaram na terça-feira do recesso de meio de ano, duas semanas antes do previsto, porque a cidade será sede dos Jogos Abertos em setembro, período em que as aulas serão interrompidas por 15 dias.

Sem opção, a estudante do 1º ano do Ensino Médio da EE Diplomata Sérgio Vieira de Mello, no bairro Assunção, Jhennypher Natacha, 14 anos, caminha 3,6 quilômetros no trajeto de casa, no Jardim Laura, até a unidade de ensino. O percurso de cerca de 40 minutos é feito ao lado dos colegas de bairro na tentativa de evitar problemas de segurança. “A gente acorda as 5h e sai de casa 6h10 para chegar na escola as 7h”, destaca.

A tática de seguir em grupo também é usada pelo morador do Jardim Laura e aluno do 6º ano da EE Professor Jacob Casseb, no Alvarenga, Matheus Souza, 12, durante a caminhada de cerca de 20 minutos no percurso de 2,2 quilômetros. Neste caso, a principal preocupação é com o horário do retorno para casa, após as 18h20, quando já está escuro.

A cozinheira Maria Sueli Carvalho, 45, revela que só ficou sabendo do problema depois de ter ficado horas aguardando pelo ônibus ao lado do filho sem sucesso. “Quando percebi que o transporte não veio, liguei na escola e só nesse momento eles me disseram que não teria trasporte por tempo indeterminado”, reclama a moradora do bairro Jardim Senhor do Bonfim. Devido à distância, o filho, aluno do 9º ano da EE Diplomata Sérgio Diplomata Sérgio Vieira de Mello, está perdendo aula.

Embora a unidade de ensino tenha prometido abonar as faltas dos estudantes em troca de trabalhos ou atividades aos sábados, a preocupação dos pais é em relação ao conteúdo de ensino perdido. “É um desrespeito com a gente. Não tenho carro e nem coragem de deixar meu filho andar mais de três quilômetros (cerca de 40 minutos de caminhada) duas vezes por dia”, observa a vendedora Paloma Ferraz, 31, mãe de aluno da EE Professora Maristela Vieira, no Jardim Thelma.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual da Educação informou que a Diretoria de Ensino de São Bernardo finaliza contrato emergencial para o transporte. A promessa é de que até o próximo dia 1º de agosto os alunos sejam transportados normalmente. Além disso, a diretoria informou que nenhum aluno será prejudicado, uma vez que as unidades escolares foram avisadas que não devem registrar faltas e que deverão repor todo o conteúdo a partir de agosto.

O serviço de transporte escolar na Capital e Grande São Paulo estava sendo realizado mediante contrato temporário, expirado em julho. Isso porque a Secretaria Estadual da Educação cancelou em fevereiro pregão eletrônico para contratação de empresas do setor que atenderia 88 mil estudantes por suspeita de fraude.