Política Titulo Editorial
A espera já incomoda
Camila Galvez
13/07/2016 | 08:51
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Aline Pietri/DGABC


Ainda que se tenha noção exata dos desafios enfrentados pelo presidente interino Michel Temer (PMDB), já começa a incomodar a inanição do governo em lançar medidas concretas para estimular a retomada da produção, especialmente a automotiva, da qual depende a economia do Grande ABC, e estancar o desemprego. Enquanto a inércia vigora no Planalto, os trabalhadores das montadoras vivem angustiados à espera de anúncios de demissões que se vislumbram no horizonte.

Com a desidratação das vendas de veículos, que a fez perder 37% do mercado em cinco anos, a Volkswagen confirma a intenção de cortar 3.600 postos de trabalho da unidade de São Bernardo. O número equivale a 34% da mão de obra da montadora no Grande ABC. Muita gente. Suficiente para influenciar negativamente os demais segmentos econômicos da região, como comércio e serviços.

E como reage o governo federal interino diante de cenário tão conturbado? Ignora-o, simplesmente, como se nada estivesse acontecendo. Parece, inclusive, ter abandonado a busca pelo equilíbrio financeiro que dominou o discurso nos dias subsequentes à posse. Tanto que ontem o Senado, com o aval do Planalto, aprovou pacote de reajuste do funcionalismo público que, segundo algumas estimativas, deve causar impacto de R$ 53 milhões ao erário até 2019.

Os políticos governistas, que acusavam a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) de ter cometido estelionato eleitoral por ter feito no exercício da Presidência exatamente o oposto do que prometera na campanha, incidem na mesma prática. A administração Temer, que apostava todas as suas fichas na contenção de gastos públicos, não faz outra coisa a não ser ampliá-lo. A conta, evidentemente, acaba sobrando para a sociedade. Que a quita, em alguns casos, com o próprio emprego. Os 3.600 funcionários da Volkswagen de São Bernardo – e os demais empregados brasileiros – esperam com ansiedade alguma sinalização do Planalto Central de que a situação vai melhorar. Até o momento, todavia, não receberam nenhum aceno. 




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