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Guerra dos sexos nos palcos

Pedro Cardoso e Graziela Moretto apresentam ‘O Homem Primitivo’ no teatro Frei Caneca

Miriam Gimenes
10/07/2016 | 07:00
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Ideias sexistas são ventiladas na humanidade há séculos. Trata-se de um assunto perene. Escrita pelos atores Graziella Moretto e Pedro Cardoso, a peça O Homem Primitivo, em cartaz no Teatro Frei Caneca, em São Paulo, toca na ferida ao discutir essas questões – tão em voga na atualidade – e as expõe de um modo inteligente, mas com o requinte do humor, especialidade dos artistas em questão.

A peça, que foi sucesso de público no ano passado e voltou há pouco em cartaz, é comédia que reflete sobre a presença da opressão sexista nas relações tanto afetivas quanto profissionais. Na trama, duas histórias são contadas ao mesmo tempo. Em uma delas, uma atriz dá parte na delegacia reclamando que teria sido estuprada durante a filmagem de uma cena de estupro. Em outra, um casal tem que se defrontar com a demissão da empregada, atrapalhando o sonho de terem um filho.

Pedro diz que o texto nasceu a partir das preocupações que foram trazidas por Graziela. “Infelizmente fatos violentíssimos e muito traumáticos se tornaram pungentes. Sempre foram atuais e agora ficaram urgentes. São uma série de declarações, depoimentos. É quase uma ‘Lava-jato’ do sexismo.” As relações domésticas também são abordadas. “Buscamos sugerir à plateia de que há uma injustiça econômica que se inicia com a desvalorização do trabalho doméstico. Toda estrutura econômica que vivemos baseia-se no fato de que esta ocupação ou tem nenhum valor ou um valor muito depreciado. Se o homem tivesse de fazer o trabalho doméstico, a economia do mundo ia parar”, acredita.

Embora os assuntos abordados sejam densos, Pedro garante arrancar gargalhadas do início ao fim da sessão. “A gente gosta de produzir um teatro que é uma comemoração da vida, sempre. O assunto é duro, mas o espetáculo é colorido”, garante.

MONÓLOGO
Pedro também está em cartaz com a peça O Autofalante, que conta a história de um homem que diz ter sido abordado por outro na rua. Este outro afirmou que eles eram a mesma pessoa. Assim, toda a trama do espetáculo se desenrola no sentido de elucidar o mistério. “É uma peça que fiz há vinte anos e não deixa de me perseguir. Ela versa sobre a incomunicabilidade, a dificuldade que o cidadão comum tem de colocar sua opinião em relação ao mundo. O empobrecimento da discussão política inviabiliza a verdadeira participação do cidadão.” Nada mais atual.

O Homem Primitivo – Teatro Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569 – 7º andar). Até 28 de agosto, de sextas e sábados (21h) e domingos (19h). Ingressos: R$ 70.

O Autofalante – Mesmo local. Até 25 de agosto, terça a quinta (21h). Ingressos R$ 50. Ambos estão à venda na bilheteria do teatro ou no sitewww.ingressorapido.com.  




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