Cultura & Lazer Titulo Mostra
Beleza pela visão da arte

‘Amado e Odiado’, em cartaz na Casa do Olhar, discute o que é belo na sociedade atual

Marcela Munhoz
09/07/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Anderson Silva


Já dizia o poeta espanhol Ramón de Campoamor: “A beleza está nos olhos de quem a vê”. O artista Andrey Rossi, da OMA Galeria, em São Bernardo, concorda e vai além. Ele não tem medo de bater contra os padrões do que é considerado belo.

Em Amado e Odiado, o paulista mostra em 13 obras – 11 pinturas e, pela primeira vez, uma escultura e outra instalação –, o corpo, que quase sempre é estereotipado pela estética de ideal, com uma outra visão. A exposição fica em cartaz até dia 30 na Casa do Olhar Luiz Sacilotto (R. Campos Sáles, 414), em Santo André.

Com entrada gratuita e curadoria de Thomaz Pacheco, o público poderá sair da visita um pouco perturbado pelo formato ‘deformado’ das obras. É natural que se assustem à primeira vista. “A minha intenção é que cause alguma coisa, não importa se o sentimento é negativo ou positivo. Tem de ter reflexão”, conta o artista.

Além disso, a série faz parte da pesquisa de mestrado de Rossi, que ajuda a refletir como o corpo reage ao tempo e ainda coloca em discussão o que é realmente feio ou bonito na sociedade contemporânea. “Somos presos ao visual. Acho que a pessoa tem de olhar as produções e se reconhecer de alguma forma. Quero que o público saia pensando sobre o seu ato de existir e a eternidade pós-corpo, pois é isso o que importa”, completa.

Sempre trabalhando nessa linha, Rossi é diretamente influenciado pelo artista brasileiro Artur Barrio, famoso pelas obras de ‘trouxas viscerais’ durante a Ditadura Militar. “Ele colocava pedaços de carne e espalhava pelo Rio de Janeiro. Acabei lembrando da minha infância, quando no Interior de São Paulo garimpava terrenos”, diz. O artista ainda revela que este é um hábito que ele tem até hoje e está presente na exposição. “As duas esculturas e a única instalação são frutos dessas buscas. Todas as coisas que achei representava a morte ou algo que tinha acabado. E assim é a vida, uma coisa termina e outra começa”, exemplifica.

Para ele, até mesmo a escolha de materiais que compõem as obras são feitas pelo significado que carregam. Como, por exemplo, as pinturas em lonas de caminhão. “Fico pensando o que esse objeto já passou para chegar aqui. Por isso o escolho”, explica. Já as esculturas são produzidas com espuma expansiva, plástico e plantas artificiais. A instalação, por sua vez, conta com uma caixa de objetos que o artista encontrou durante seus ‘garimpos’.

VOLTA AO GRANDE ABC
Depois de expor no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em importantes coleções particulares, como na de Gilberto Chateaubriand e na Coleccion Gomez Porsche, em Buenos Aires, na Argentina, o artista chega pela primeira vez no Grande ABC. “O espaço é impressionante e meu trabalho se encaixou perfeitamente aqui”, conta.

Amado e Odiado – Exposição. Na Casa do Olhar Luiz Sacilotto – Rua Campos Sáles, 414, Santo André. Em cartaz até dia 30. Entrada gratuita.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;