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Condutor que matou ciclista já se envolveu em outro acidente fatal

Motorista de ônibus Sergio Meliunas tem prisão temporária de 5 dias decretada pela Justiça; polícia desconfia de versão para atropelamento

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
08/07/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


O motorista Sergio Meliunas, 45 anos, que atropelou e matou o ciclista Dorgival Francisco de Souza, 59, na Rodovia dos Imigrantes, no domingo, já havia se envolvido em outro acidente de trânsito com vítima fatal. O caso aconteceu no dia 6 de agosto de 2007, na Rodovia Anchieta, área do Riacho Grande, em São Bernardo.

“Ele estava na condução de ônibus que colidiu com alguns veículos. As vítimas desses veículos sofreram lesões corporais e não tiveram interesse em prosseguir criminalmente contra o motorista, mas houve um paciente, que estava no interior do ônibus, que também sofreu lesões corporais, a princípio de natureza leve, apenas no ombro e, posteriormente, teve complicações porque já tinha precedentes de ter problemas no coração e acabou morrendo”, contou o delegado assistente Ricardo Eduardo Guilherme, do 4º DP (Eldorado) de Diadema, onde o caso é investigado. “Não sei se houve algum inquérito criminal dessa situação”, acrescentou. Meliunas também tem passagem pela polícia por violência doméstica.

O homem, que é motorista de ônibus da empresa Breda, foi preso por policiais civis do 4º DP quando trabalhava, na noite de quarta-feira, no bairro Assunção, e confessou seu envolvimento no acidente. A Justiça decretou ontem prisão temporária, pelo prazo de cinco dias, em audiência de conciliação no 1º Fórum de São Bernardo. Segundo o TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), o processo é sigiloso.

Para chegar até o motorista, a polícia fez ‘trabalho de formiguinha’, como define o delegado titular do 4º DP, Miguel Ferreira da Silva. “Analisamos horas de gravação de câmeras de monitoramento, refizemos percurso por onde o carro passou, identificamos o veículo pelas peças que caíram no momento do acidente e recebemos diversas denúncias”, listou.

No depoimento dado à polícia, Meliunas disse que estava indo ao bairro Jabaquara, na Capital, com três amigos, para comer comida nordestina. Ao sentir o carro trepidar por um suposto problema no pneu, ele teria parado no acostamento para ver o que ocorria e sido abordado por dois homens em uma motocicleta, anunciando assalto, munidos com uma faca. Meliunas disse que empurrou um dos indivíduos e acabou sendo ferido próximo ao cotovelo. Porém, não apresentava nenhuma lesão.

Ainda segundo ele, partiu em fuga e, ao perceber novamente problema no pneu, voltou ao acostamento, quando colidiu com o ciclista, que declarou não ter visto. Meliunas afirmou ter pensado que haviam jogado uma pedra em seu veículo. Só dois quilômetros adiante, disse ter se dado conta de que havia um braço caído entre o freio de mão e o banco do carro, descartado na Avenida Ulysses Guimarães, em Diadema.

A polícia não acredita na versão. “As imagens não mostram qualquer motocicleta perseguindo o carro. Ele passou em frente a um posto da Polícia Rodoviária. Se estava sendo seguido, porque não comunicou a polícia?”, observou o delegado titular. “O braço da vítima adentrou o para-brisa. Se havia algum amigo no banco do passageiro, sofreria o impacto desse membro, não teria como ver só dois quilômetros depois.”

Sobre a alegação de que não procurou a polícia porque não tinha dinheiro para contratar um advogado, Silva ressaltou que “bastava procurar a Defensoria Pública, que oferece o serviço gratuitamente.”

Dos supostos amigos, Meliunas só deu o primeiro nome ou apelido. “Não sabemos ainda se ele criou essas pessoas”, falou o delegado, que indignou-se com o caso. “Ele é motorista de categoria E há mais de 20 anos. É incompreensível uma situação dessa pela função que exerce.”  




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