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Pais também sofrem na teledramaturgia
Márcio Maio
Da TV Press
09/08/2008 | 07:01
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Dramas familiares sempre foram valorizados na TV. Mas, de uns tempos para cá, as mulheres não são as únicas que sofrem pelos filhos. Cada vez mais presentes, os pais se destacam como parceiros de seus rebentos na dramaturgia. Como o médico Daniel de Ciranda de Pedra, vivido por Marcelo Antony, que não pode contar para a filha a verdade sobre sua paternidade. Ou Brito, de Ewerton de Castro, em Chamas da Vida, que enfrentará o baque de descobrir que o filho contraiu HIV. Para Cristianne Fridman, que escreve a novela das dez da Record, a mudança é um reflexo da sociedade. "A idéia de que o homem é o ponto mais forte e menos sensível da família está mudando", analisa.

Eduardo Lago, intérprete do afetuoso Guiga de Os Mutantes, concorda. "Nunca o homem foi tão participativo dentro de casa. E a televisão costuma pinçar características do dia-a-dia para ilustrar suas obras", afirma. Antônio Calloni, que vive o exemplar Eduardo em Beleza Pura, endossa. "Não sei se os homens em geral estão mais preocupados com os filhos, mas acho bacana as novelas mostrarem que um pai presente e participativo é fundamental para todos da família", filosofa.

Ewerton de Castro também se sente prestando um serviço. E tira proveito disso. "Quando você faz um papel que passa uma mensagem bacana, o trabalho fica mais prazeroso e o resultado disso se destaca no ar", garante o ator, que em Bicho do Mato viveu o suburbano Túlio, renegado por Betinha, sua filhinha esnobe.

Mas nem todos concordam que os pais estão em uma fase boa na TV. Ricardo Waddington, diretor de A Favorita, acredita que os pais ainda são, na maioria das vezes, ausentes e maus exemplos na dramaturgia. A começar pelos que ele mesmo descreve em sua novela. "Jackson Antunes e Carmo Della Vecchia interpretam homens que não se mostram muito preocupados com seus filhos", ironiza, lembrando que Zé Bob, vivido por Carmo, tem sido um pai ausente. Nélson Xavier representou o bóia-fria Edivaldo na mesma novela. Nem mesmo a morte de seu personagem, atropelado na semana retrasada, fez o ator perdoá-lo. "Ele impôs um modelo de comportamento e exigiu que a Céu seguisse", critica, referindo-se à personagem de Deborah Secco na história.

Se nas novelas ainda existem pais relapsos, na linha de shows a situação é diferente. Em A Grande Família, segundo Bernardo Guilherme, um dos autores, os dramas dos pais são sempre levados em consideração. "Os conflitos de paternidade do Lineu são tão importantes quanto os da Nenê", diz, taxativo.




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