Cotidiano Titulo
Toma-se dinheiro
Rodolfo de Souza
09/06/2016 | 07:00
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O teimoso cidadão que tem assegurada em sua mente a ideia de que o dinheiro é a mola propulsora deste mundo está absolutamente correto. Afinal, sem ele certamente não viveria esta civilização moderna, o apogeu da tecnologia, tampouco desfrutaria de tanto conforto.

Por outro lado, aquele que afirma convicto que a grana não traz felicidade se contrapõe aos 99,999999...% que amariam se refestelar com uma gorda conta bancária. Dentre os quais, eu.

Afinal, que se saiba, não encontraram ainda método para se viver bem na miséria. Só se algum monge tibetano maluco o descobriu e não revelou a ninguém. Do contrário, riqueza e alegria andam mesmo de mãos dadas.

Chateia, contudo, saber que neste intrincado universo monetário há um povo que vem sofrendo barbaridade. É uma gente que necessita ter o dinheiro no bolso para dele dispor quando precisar pagar suas continhas e encher o bucho com o necessário que a natureza pede.

Mas nunca o tem.

E é justamente lá, na insuspeitada atmosfera que permeia a terra do Ó, que tem lugar a chateação por meio da qual se dá costumeiro hábito de se bater a carteira do trabalhador, daquele que ganha seu rico dinheiro empapando a camisa por todo o reino. O mesmo que no passado tinha o bolso esvaziado sorrateiramente e que hoje sofre o delito à luz do dia. No presente momento, o descarado bicho devorador das divisas de lá mostra seus dentes a quem quer que se habilite a encará-lo (tem gente que vira o rosto). É o monstro cara de pau que, para faturar um extra (um bilhão), é capaz de submeter sua gente às mais sórdidas piruetas para continuar viva e sempre disposta a engolir todo o sapo que o vil senhor lhe enfia goela abaixo, e ainda permanecer calada.

Para se manter em ordem reino tão grande, alega o coisa ruim, é preciso gastar muito! Gastar dinheiro que não se tem! Por isso, eu e meus correligionários deitamos e rolamos em algo que não inventamos, mas que a providência sabiamente se encarregou de criar há um bocado de tempo e, cujo nome, imposto, já revela a sua intenção para com os súditos da boa terra. Além do mais, lá no reino de Suécia, paga-se muito também.

Acontece que ali, caro meliante, tudo é revertido para o povo em forma de Saúde, Educação, Habitação, Transporte, qualidade de vida que nem de longe se compara a esta que o povão verde de raiva e amarelo de fome tem. Judiação! Mas bicho ruim e família vão bem, obrigado!

Claro que, para despistar, tornou-se hábito apontar o dedo só para o bandido que rouba a mão armada. Mas é preciso que se saiba que o habitante do reino tem seu rico trocado subtraído todas as vezes em que compra um simples tubo de creme dental. Não bastasse isso, paga imposto na fonte, no carnê leão, INSS... Este último, inclusive, sem muita chance de recebê-lo de volta, já que os governantes do reino sustentam a alegação de que devem empurrar para bem longe a idade de aposentadoria, porque o dinheiro da previdência sumiu. É o diabo do rombo que tem a idade da própria previdência!

Toma-se, assim, o dinheiro do coitadinho em todos os setores em que se é possível tomá-lo: seja nos radares, nas loterias, nos bancos, na comida, na bebida, no vestuário... É espoliado sem dó pela cara lavada que nunca conseguirá gastar o produto do roubo, nem que viva por um milênio.

Até os supermercados aprenderam com os bancos que vender mercadoria não dá tanto lucro quanto vender dinheiro. Tenha, portanto, valioso cliente, desconto sobre qualquer produto desta loja, desde que use o nosso cartãozinho, claro. Tudo soa agradável, simpático e atraente. O que fazer senão ceder às facilidades? Correr à gastança, óbvio! Que felicidade!




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